Google Website Translator

terça-feira, 30 de junho de 2009

Contando com a sorte

Muitas vezes o que contraria as estatísticas e ocorre de forma inusitada e inesperada, trazendo alguma vantagem ou benefício para alguém pode ser considerado como sorte. Várias pessoas julgam não possuírem sorte, mas uma análise mais profunda pode revelar que a sorte permeia nossa vida e pode estar onde menos esperamos ou simplesmente nas coisas que já estamos habituados.
Em uma recente viagem estive pela primeira vez em um cassino. Contar com a sorte em lugar destes não é melhor forma de sair sorrindo. Porém, despendi certo tempo e dinheiro me divertindo. Era o momento de conhecer algo novo e num primeiro instante me senti como o verdadeiro protagonista de um filme em Las Vegas, mas voltando a realidade acabei não arriscando demais e fiquei mais parecido com aquelas velhinhas que não descolam o traseiro das máquinas de caça-níquel (e como estas máquinas são vorazes!). Perdi todas as fichas. Dei muita sorte pro azar, mas não me arrependo da brincadeira, afinal não é todo dia que saímos no lucro e para ganhar é preciso arriscar.
Perdas e ganhos fazem parte da vida. Tudo de bom que se ganha é lucro. Até mesmo a perda pode ser enxergada como um ganho, por exemplo, “desperdicei” recursos (tempo e dinheiro) jogando no cassino, por outro lado, penso que pude me sentir a pessoa mais sortuda do mundo por ter tido a oportunidade de estar em um lugar tão fora da nossa realidade cotidiana.
Agradeço a Deus por ter a sorte como minha companheira em toda a minha caminhada existencial, sorte de ter a família que tenho, de ter os amigos que tenho, de ter as oportunidades que tenho e de conhecer as pessoas que conheci e conheço.
Devemos cultivar e celebrar a sorte que temos, contando que tudo o que venha a nos somar para o bem pode ser considerado como sorte.

Fernando Christófaro Salgado

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Corrosão gradual

Existem alguns sentimentos que nos dilaceram e abrem um buraco negro que nos suga com todas as forças para dentro dele. Os sentimentos de incapacidade, de inferioridade, a falta de esperança e a auto-cobrança exagerada turvam nossa visão tornando o fardo do dia a dia pesado demais.
Uma corrosão gradual se instala em nossa mente e o medo se apodera de nós. Nos vemos sem saída e presos em pensamentos negativistas, somos impelidos a nos isolar de tudo e de todos. É algo involuntário, alheio a nossa vontade, que se apodera de nós em momentos de fragilidade. Não tem explicação nem motivos aparentes e sua gravidade só é percebida em sua plenitude por quem está sofrendo ou já sofreu deste mal, para os outros pode ser incompreensível e até mesmo inconcebível que uma derrota tão avassaladora se instale em alguém e este alguém aparente total imobilidade ou inação.
Não é uma tarefa fácil, só quem já passou por períodos de depressão sabe como a luta contra si mesmo é a mais árdua de todas. As forças se esvaem por completo e o desânimo predomina em todos os segundos. Um olhar interior e consciente releva que não se quer ser assim, que não é assim que a pessoa se vê e não é assim que outros a conhecem, porém, a pessoa passa a se desconhecer e se estranhar por completo, como se todos os olhares do mundo se voltassem para ela recriminando-a por suas fraquezas. Os comentários maliciosos e perversos, muitas vezes preconceituosos, em nada ajudam.
Chega um momento em que as pressões a que nos submetemos se tornam insuportáveis por querermos ser quem não somos, tentando atender as expectativas de todos e pela nossa insegurança diante dos desafios futuros.
Devemos nos blindar dessa ação corrosiva que degrada nossa mente lentamente com humildade e disciplina, aceitando todo tipo de ajuda. Caso caia em areia movediça saiba que poucos serão os que irão lhe estender a mão, mas não censurem os que não o fizerem, nunca se sabe a luta que cada um trava dentro de si.
É preciso, sobretudo, manter a fé, mesmo branda ela é como uma fagulha de luz, que pode iluminar a caverna mais extensa e sombria. Fortalecer a fé e acreditar que as soluções sempre vêem ao seu tempo deve ser um exercício diário e paciencioso.
Para não se perder dentro de si é necessário se descobrir a cada dia, fortalecendo o escudo anticorrosivo que impede que o temor e a instabilidade se instalem sobre nós.

Fernando Christófaro Salgado

sábado, 27 de junho de 2009

Pessoas que se vão

Invariavelmente quando somos privados de estar com pessoas que amamos lágrimas vertem de nossos olhos ou são represadas a força. Não há no mundo ser humano que nunca tenha chorado, mesmo os mais cruéis e frios assassinos ou os que se revestem de um escudo que impede que os sentimentos transpareçam para os outros.
A dor da perda é inevitável, nos deixa de luto por um tempo indeterminado, que varia de pessoa para pessoa. É um momento necessário, aonde as lembranças e os momentos mais felizes vêm à tona em nossas mentes e a impressão de que não teremos mais contato com aquele ente querido nos causa um grande desconforto e vazio interior.
Nestas ocasiões tão difíceis devemos nos ater a duas forças que podem nos alimentar ilimitadamente e nos erguer o mais rápido possível do fundo do poço a que somos jogados.
A primeira delas é a fé em Deus, soberanamente justo e bom, que nada faz que não seja para nosso bem, mesmo que não possamos compreender determinada situação no presente momento em que ela ocorre ou em nossa atual existência. A segunda é a crença no amor verdadeiro, que ultrapassa os limites do tempo e direciona nossos pensamentos para os melhores caminhos.
Pensar com amor e lembrar-se dos que se foram é o melhor exercício para mantê-los vivos dentro de nós. Nosso pensamento, se bem direcionado, nos proporciona também uma fonte ilimitada de opções. Com a força do pensamento podemos estar aonde quisermos, com quem quisermos e quando quisermos. Um pensamento é uma coisa íntima que não pode ser revelado a ninguém a não ser se esta for a vontade de quem pensa. Nossa imaginação não tem amarras, pode nos levar a lugares maravilhosos e a pessoas distantes, como num sonho bom que não acaba.
Acredite, pois, com fé e amor tudo dura para sempre e novos e felizes encontros se darão no seu devido tempo!

Fernando Christófaro Salgado

sexta-feira, 26 de junho de 2009

O modo mais fácil

Em certa ilha, grande e afastada de tudo, vivia um excelente pescador, mas que sempre pescava o suficiente para alimentar a ele, a família e também uma quantidade para atender a demanda dos moradores da pequena vila, em sua maioria idosos. Lá todos retiravam o sustento da natureza, não havendo qualquer tipo de transação financeira entre eles, tudo funcionava na base da troca.
A ilha era um lugar tranqüilo e paradisíaco e descobrindo-a um jovem e excêntrico empresário do ramo hoteleiro resolveu construir um resort no local. O resort se localizava no lado oposto de onde se encontrava a pequena vila e, a princípio, não houve contato entre o empresário e os habitantes locais. Porém, atraídos pela beleza incomum daquele “pedaço do céu” e pela estrutura diferenciada do empreendimento, vários turistas começaram a lotar todas as acomodações disponíveis. O resort recebia todos os suprimentos necessários uma vez por semana, por helicóptero.
Por reclamações dos hóspedes passou a ser uma preocupação do empresário que os luxuosos restaurantes do estabelecimento sempre oferecessem peixes e frutos do mar frescos e variados. Até então tudo era comprado do porto mais próximo, localizado a uma distância considerável e ficava congelado por até uma semana, até a chegada de uma nova remessa.
Diante da necessidade o empresário resolveu se aproximar dos moradores a procura de alguém que pudesse fazer o serviço de pesca para ele. Chegando à vila foi muito bem recebido e colheu informações sobre o habilidoso pescador que ali vivia. Seguiu até a casa dele. Era imprescindível para o empresário a contratação daquele homem que poderia fornecer diariamente para o resort tudo o que os hóspedes queriam.
O empresário então fez a sua oferta: “Ouvi muitas histórias sobre você e estou aqui para lhe oferecer um emprego com muitas vantagens!”. O pescador respondeu: “Não é de meu interesse, muito obrigado!”. O empresário retrucou: “Você irá receber um bom dinheiro, pode até mudar de vida e vir a residir dentro do meu resort, terá os mesmos benefícios de um hóspede, tendo acesso a todas as áreas: piscinas, jacuzzis, saunas, quadras de esporte e restaurantes, tudo!”. Novamente o pescador afirmou: “Tenho que lhe agradecer, mas não estou interessado”. Aumentando a oferta, o empresário ofereceu também plano de saúde e seguro de vida ao pescador e a toda a família dele, tudo o que ele teria que fazer era aumentar consideravelmente sua carga de trabalho diária. Porém, mais uma vez o pescador recusou a oferta.
Indignado o empresário questionou: “Não tens ambição de crescer, de ganhar dinheiro e ficar rico? Sair desta vida, deste mundo tão restrito?”. E o pescador, sereno, respondeu: “Tudo o que me ofereceu tem grande valor para outras pessoas, mas meu trabalho já fornece o meu sustento e de muitas pessoas deste local, faço o que gosto e entrego o que posso aos que necessitam. Meu tempo não tem preço, escolho a hora de trabalhar e a hora em que posso estar com amigos, com meus filhos e esposa, compartilhando minhas histórias e aprendendo com as deles. Se assumo um compromisso com você que não possa cumprir estarei em falta com você e comigo mesmo, pois estarei deixando de fazer o que gostaria para atender aos seus anseios e não mais aos meus. Tenho sim ambição, de melhorar a cada dia e ser mais útil para minha comunidade, não a ganância de acumular bens e conhecer mundos que me afastariam da felicidade que possuo aqui”.
Podemos precisar da ajuda de qualquer um ou sermos requisitados a ajudar em diferentes situações, mesmo nas mais inusitadas. Cada um tem seus valores e necessidades e seguir nossas convicções íntimas é fundamental para não nos desvirtuarmos por um caminho que não acreditamos ser o correto para nós, não enveredando pelas trilhas da tristeza e do desânimo de quem escolhe abdicar disso.
O modo mais fácil de viver a vida será sempre o que refletir melhor o que nós realmente esperamos de nós e para nós e não o que os outros entendem como certo.

Fernando Christófaro Salgado

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Pequena Grande Mulher

Aprende sem querer
E ensina sem saber
Mostra um sorriso
Que às vezes é choro

Inteligência não falta
Não mostra fraqueza
Muralha de Tróia
É pura beleza

Desconhece, porém
A força que tem
Pensamento a mudar
É difícil explicar

Pensei ser deusa
Mas era mulher
Mas não uma
Como outra qualquer

Me fez perceber
Um sentimento real
Que se expande e traz
Uma alegria capaz

Começo sem fim
Revolução íntima
Crescimento contínuo
Por razão ínfima

Em verdade o amor
Ramifica raízes
Não revela saudade
Reinventa a realidade

E o tempo faz crer
Como é bom saber!
Que o melhor da vida
É viver sem temer!

Fernando Christófaro Salgado

terça-feira, 23 de junho de 2009

Desperdiçando recursos

Todos nós somos dotados de diversos recursos para desenvolver nossas habilidades comportamentais, relacionais e físicas. Desde os músculos do nosso corpo até a maneira como nos comunicamos, tudo pode ser mais bem trabalhado e desenvolvido para o nosso proveito próprio e para uma melhor interação com os outros.
A ociosidade não leva a nada e constantemente desperdiçamos os recursos que temos com coisas sem a menor importância. Temos ao nosso dispor, através da internet, todo o tipo de conhecimento, a um “click” de nossos dedos, mas ficamos horas e horas em sites como o Orkut, buscando descobrir onde foi tal pessoa, que festa ela freqüentou semana passada, com que roupa saiu ou com quem estava. Preocupamos com a vida dos outros esquecendo muitas vezes da nossa própria vida.
Não é minha intenção tirar o valor dos sites e programas de relacionamento como MSN e Skype, eles são úteis na medida em que permitem nossa comunicação com pessoas distantes a custos reduzidos, mas penso que passar várias horas na frente do computador conversando com pessoas que talvez você nunca tenha visto pessoalmente não é a maneira mais saudável de potencializar os recursos que temos.
Seria muito melhor se encontrássemos mais com as pessoas que nos são próximas, com amigos que não estão mais presentes porque se tornou muito cômodo a conversa ocasional através dos meios eletrônicos. Se buscássemos conhecer novas pessoas, ampliando nossa rede de contatos e, conseqüentemente, nossas oportunidades de aprender e de se relacionar com o mundo vivenciado por elas.
O maior recurso que temos é a capacidade de aprender e é o que mais podemos desenvolver, pois toda a nossa vida é feita de momentos e situações, sejam boas ou ruins, em que podemos tirar algum tipo de aprendizado. Nada, porém, vem de graça, temos de trabalhar, lutar e buscar o conhecimento onde ele estiver.
Não podemos nos subestimar. Quando dizem que não podemos fazer tal coisa, que não somos merecedores de determinada pessoa, que não estamos preparados para enfrentar determinado desafio não devemos esmorecer. A força de vontade e fé em nós mesmos potencializa nossa capacidade de mudança e abranda os obstáculos impostos em nossas vidas.
Devemos valorizar e maximizar todos os recursos que temos!

Fernando Christófaro Salgado

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Descompasso necessário

Imaginem se todas as coisas que fizéssemos dessem certo. Tudo na primeira tentativa, sem ninguém nos ensinar nada. Se já nascêssemos sabendo tudo, sem nada pra descobrir, sem novas experiências e desafios. Se todas as nossas escolhas fossem acertadas e o erro não existisse em nossas vidas. Se não sentíssemos dor nem ficássemos doentes. Se a dúvida não nos afligisse. A princípio seria uma ótima idéia, mas suspeito que a vida, com o tempo, se tornaria bastante monótona e sem sentido.
Tudo tem seu motivo de ser. Somos acometidos por diversas formas de provas constantemente. Umas podem parecer mais duras que as outras, mas independente da intensidade e da forma com que sofremos o objetivo é sempre o mesmo, nosso aprendizado contínuo.
Quando crianças aprendemos rápido porque erramos muito, não temos medo de errar pois não conhecemos muita coisa, experimentamos e de tentativa em tentativa vamos descobrindo que podemos fazer mais e aprender cada vez mais. Quanto mais envelhecemos mais difícil fica de aprender, limites nos são impostos por nós mesmos e pela sociedade e o medo de errar nos impede de avançar nos campos profissional, moral, espiritual e afetivo.
Vivemos em um constante descompasso, procuramos sempre as pessoas que idealizamos e acreditamos que elas serão as únicas que servirão para nós, não admitimos nossos erros e sofremos quando não somos correspondidos ou bem aceitos. Esquecemos que os outros também depositam suas expectativas em nós. Esse jogo de sentimentos que se desencontram é necessário para tornar mais forte e verdadeira nossas convicções e decisões nos relacionamentos que desenvolvemos.
Se a cada prova por que passarmos, seja ela uma doença, um acidente grave, a perda de um ente querido, uma cirurgia delicada ou uma decepção amorosa, conseguirmos manter nossa fé e entendermos que os descompassos da vida são necessários para aprendermos a suportar e contornar com mais serenidade as novas provas que virão, estaremos caminhado um passo a mais em nossa caminhada evolutiva.

Fernando Christófaro Salgado

domingo, 21 de junho de 2009

Paciência, uma difícil virtude

No mundo em que vivemos, com tantas diferenças pessoais e funções a serem desempenhadas, com tantos encontros e desencontros, com tantas responsabilidades que assumimos ser paciente é uma tarefa árdua.
É certo que nos irritamos por muito pouca coisa. Enchemos os pulmões e soltamos altos e nervosos gritos de raiva, muitas vezes perdemos o controle e xingamos os outros com palavras vis. Não é fácil se controlar diante de determinadas situações e sob a pressão que a sociedade nos impõe e que nós mesmos fazemos sobre nós.
Para nós, simples mortais caminhando na estrada da evolução moral e espiritual, a paciência tem limites muito tênues. Não sabemos esperar, não procuramos compreender as posições e motivações dos outros, não admitimos que nosso espaço seja tomado em situação nenhuma, corremos para chegar sempre na frente, esquecendo às vezes que nem sempre quem chega primeiro tem a maior vantagem.
A impulsividade é uma das maiores inimigas da paciência, uma vez que ela pode gerar resultados desastrosos que poderiam ser evitados se soubéssemos esperar o momento certo para agir.
Como dito, a sociedade nos impões pressões e a cultura de termos que encontrar soluções cada vez mais rápidas para tudo é que mais contribui para isso. Nos perdemos na administração de nosso tempo. Nosso tempo livre se torna cada vez mais curto e surge a insatisfação por não encontrarmos todas as respostas que precisamos dar, no tempo dito certo. Questões relativas ao tempo são grandes fontes geradoras de impaciência.
Devemos aprender a administrar melhor o nosso tempo, a escutar, processar e analisar com calma tudo que chega aos nossos ouvidos, a saber esperar pelo nosso momento certo de agir, de mudar e de crescer. Como diz o ditado, quem espera sempre alcança.

Fernando Christófaro Salgado

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Em busca da verdade

Somos todos passíveis de erro. Acredito que um dos maiores erros que podemos cometer é a mentira. Quando mentimos enganamos duas vezes, primeiro a nós mesmos e depois aos outros.
Tenho um amigo que tem o criativo apelido de “Mentira”, quando você pergunta a ele o motivo do apelido ele pede pra você se lembrar o que as avós diziam sobre mentir, logo vem à cabeça a frase das sábias velhinhas: “Meu filho, mentir é feio e tem perna curta!”.
Uma mentira pode parecer inocente e não trazer nenhuma repercussão maior, porém mais cedo ou mais tarde tudo que tentamos esconder da verdade acaba retornando sobre nós inesperadamente. Podemos esconder de todos a verdade que habita em nós, podemos até tentar nos enganar acreditando em nossas mentiras, mas o tempo, mesmo com demora, acaba fazendo com que deixemos de ser vítimas de nossos atos.
Intimamente somos conscientes dos nossos erros e de nossas faltas, mas demoramos muito para aceitar isso, falta-nos coragem e maturidade para enfrentar os desafios impostos pela vida e as divergências de opiniões que temos com os outros. É mais fácil se entregar a mentira.
Muitas pessoas constroem uma teia sem fim de mentiras, onde acabam envolvendo todos a sua volta num mundo irreal, um mundo conivente e incapaz de mudanças. Acham que mentindo estarão preservando os outros de verdades que eles não suportariam ouvir, o que algumas vezes pode até ser correto, visto que algumas coisas devem ser reveladas no momento certo, mas nunca proteladas indefinidamente, encobertas pela falta de reflexão de quem mente.
A verdade está sempre dentro nós, guiada pelo nosso bom senso e pela análise de nossa consciência. Devemos seguir os ensinamentos que dizem que não devemos fazer aos outros o que não gostaríamos que nos fosse feito. Se nos atermos a isto com firmeza teremos mais discernimento para definirmos o caminho que leva a verdade.

Fernando Christófaro Salgado

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Posso ajudar?

Estive pensando na dificuldade em que temos de pedir, oferecer ou aceitar ajuda. São três dimensões diferentes.
Quando pedimos ajuda estamos assumindo que precisamos da colaboração de outros para cumprir determinada tarefa. Pedir muitas vezes não é fácil visto que a auto-suficiência é bastante cultuada em nossa sociedade. Somos levados a crer que tudo podemos sem auxílio quando as pessoas nos dizem frases como: “Você deve ser mais independente!”, “Cada um com seus problemas!”, “Se vire!”, “Você consegue fazer isso sozinho!”. Isto gera certa insegurança e um medo de submissão ao julgamento dos outros diante da possibilidade explícita de demonstrações de fraqueza por não conseguirmos resolver alguns problemas sozinhos.
Em outra dimensão temos a oferta da ajuda. Quem não sabe nadar não pode ajudar quem está se afogando! Esta frase, apesar de óbvia, sintetiza um singelo pensamento: para ajudar alguém você precisa primeiro saber como se ajudar. Não se pode ofertar o que não se tem, donde vem à máxima: “Muito ajuda quem não atrapalha”.
Numa terceira possibilidade temos a aceitação da ajuda. A mesma relutância que temos em pedir ajuda temos em aceitar, mas não aceitamos por motivos diferentes. Não aceitamos por acreditar que somos melhores, que realmente podemos resolver tudo sozinhos e nem que seja pela insistência podemos triunfar diante de qualquer situação.
As dimensões que envolvem a ajuda podem ter contornos complexos, mas que se simplificam na medida em que somos tomados por uma maior compreensão de nós mesmos e de nosso papel enquanto cidadãos. Não devemos ter vergonha de pedir, devemos ser humildes para aceitar e conscientes para oferecer ajuda a quem quer que seja.
A ajuda pode vir de onde menos esperamos, até mesmo de pessoas desconhecidas. Um abraço, um olhar, um sorriso, uma palavra de apoio, dependendo da situação podemos obter novo ânimo ou animar a outros apenas com estes gestos.
Quando sentir que ninguém mais pode te ajudar, que a pessoa que você quer ajudar não vê solução e não aceita ajuda ou que você não está pronto para oferecer auxilio eleve seus pensamentos e peça Aquele que nunca desampara ninguém para enviar a luz para o amparo necessário.

Fernando Christófaro Salgado

terça-feira, 16 de junho de 2009

Sonhar não custa nada

Alimentar um sonho não é tarefa fácil, mas não podemos desacreditar dos nossos sonhos. Quem não tem sonhos perde a motivação e a vontade de mudar. Estaciona-se e vira vítima das conseqüências plantadas na rotina do dia a dia.
Gastamos muito tempo com coisas fúteis e nos recostamos em todos os cantos a reclamar. Esquecemos que sonhar não custa nada e que um sonho pode e deve ser compartilhado para que comece a ter contornos de realidade.
Não me refiro aqui a sonhos impossíveis, como desejos que apenas o “gênio da lâmpada mágica” poderia nos conceder. Refiro-me a sonhos concretos, que se estabelecem como metas a serem atingidas.
Para perseguir nossos sonhos devemos muitas vezes quebrar algumas barreiras impostas pela sociedade, pela nossa família ou por nós mesmos. Sonhar implica em agir na direção de algo que se quer alcançar, algo que esperamos que nos faça sentir bem conosco e talvez também possa melhorar a vida de outras pessoas e do ambiente em que vivemos.
Grandes sonhos não são construídos e realizados da noite para o dia. Sonhar também implica em reflexão e perseverança. Pessoas diferentes possuem sonhos diferentes, mas sempre no seu caminho haverá alguém que também acredite no seu sonho e o ajude a persegui-lo mesmo nos momentos mais difíceis.
Sonhar não deve ser tarefa laboriosa. Não devemos “comprar” sonhos que não acreditamos, ou seja, seguir os sonhos de outras pessoas se não estivermos de acordo com eles. Devemos sonhar com paciência, sem nos pressionar e sem impor limites à nossa imaginação e criatividade para construirmos, por etapas, o caminho que nos leve a alcançar a concretização de algo pensado e querido por nós.
Lembremos também que nem só de grandes sonhos é feita a nossa vida. Sonhar também é nos aproximar do real sentido de viver e das relações que temos com os outros e com o mundo, é acreditar que as coisas podem sim ser diferentes e melhores e que sempre acrescentamos algo de bom quando estamos à busca da conquista de nossos sonhos.

Fernando Christófaro Salgado

segunda-feira, 15 de junho de 2009

O real sentimento

Até quanto podemos nos enxergar interiormente? Até quanto nos conhecemos? Como podemos melhorar? O que podemos fazer para melhorar a nós mesmos e refletir essa melhora em prol dos outros? Tudo o que fazemos ou pensamos repercute na vida em nossa volta, mas muitas vezes deixamos de analisar a repercussão de nossos atos intimamente.
Todas essas perguntas só possuem um único respondente, pois cada ser é responsável pelo seu desenvolvimento pessoal e espiritual e cada um aprende com suas experiências, acertos e desacertos, a encontrar as melhores respostas.
Não adianta procurarmos respostas em livros, na internet, através de outras pessoas ou especialistas, se conhecer e se aceitar da maneira que for é muito difícil, só você mesmo é capaz de se enxergar e compreender todos os seus sentimentos.
Já passei por muitos momentos em minha vida que me fizeram me conhecer melhor, mas às vezes penso ser um desconhecido pra mim mesmo. Tem alguns pontos que definitivamente me cegam e não me deixam visualizar com clareza meu caminho. Sei onde eles estão, mas ainda não tenho forças pra combatê-los. Inconscientemente vou adiando o inevitável. Estamos aqui para melhorar, mas ficamos presos por amarras invisíveis que nós mesmos criamos como desculpas para nossa incapacidade de agir e mudar.
O melhor e maior agente de mudança e que é também o real e sublime sentimento que devemos ter para quebrar todas as amarras de nossas vidas é o amor. O amor eleva nossa alma, pois é o único sentimento que não tem limites pra crescer, não tem direções a seguir, não tem certo ou errado no amor verdadeiro, ele simplesmente existe e ultrapassa as barreiras do tempo e do espaço.
Viver a vida com mais amor próprio e amor ao próximo! Eis mais um desafio constante!

Fernando Christófaro Salgado

domingo, 14 de junho de 2009

O medo do desconhecido

Tudo o que é diferente, que não está dentro do que estamos acostumados, nos causa desconforto. Quando crianças, temos medo do escuro, medo de ficarmos sozinhos, medo de mudarmos de escola. Na verdade estes medos como muitos outros, se prolongam durante nossas vidas, adquirindo outras feições e proporções.
O temor do desconhecido é gerado, em grande parte, pela nossa incapacidade ou relutância em mudar ou em nos aproximar de algo ou alguém diferente dos nossos padrões. Conheço pessoas que têm medo de andar de ônibus sozinhas, em plena luz do dia, outras que têm medo de passar perto de um mendigo ou ainda algumas que têm medo de dirigir mesmo tendo tirado carteira há vários anos. Existem pessoas que se prendem em relações desgastadas e sacrificam sua própria felicidade por comodismo, por acreditar que poderão ficar sozinhas caso escolham outro caminho para suas vidas.
O medo de conhecer ou se aproximar de pessoas desconhecidas se apresenta em diversas situações. Por exemplo, em festas ou eventos muitos homens relutam em se aproximar de uma mulher com receio de não serem bem aceitos ou de ouvirem coisas que não gostariam. Esquecemos que, com uma determinada pessoa, a chance de errar é sempre a mesma de acertar. Se retrair e não expressar as suas vontades torna nula qualquer atitude pensada.
Façamos uma matemática simples para o melhor entendimento desta questão. O nosso pensamento ou vontade representa 100% do que gostaríamos de ter em determinado momento, nossa incapacidade de lutar para efetivar estes sentimentos representa 0%, ou seja, anula todas as nossas chances de mudança do statu quo. A tentativa de alterar este estado nos leva a dois caminhos que se dividem igualitariamente, temos 50% de chance de efetivarmos os nossos anseios e 50% de não efetivarmos. Temos desta forma, sempre que tentarmos alterar o estado de alguma coisa, 50% de chance de sermos bem sucedidos. Se não tentarmos nunca saberemos o resultado, voltando para a situação de nulidade.
Ora, a meu ver, ter metade da chance de acertar será sempre melhor do que não tentar, porque mesmo que a empreitada dê errado com o erro também podemos aprender alguma coisa ao passo que se nada fizermos o nada iremos colher.
Não é minha intenção afirmar que não devemos ter medo, o medo é um sentimento que nos ajuda a descobrir nossos limites, mas acredito que para expandirmos estes limites temos que nos valer de nossas chances de acertar, enfrentando e descobrindo o que for desconhecido.

Fernando Christófaro Salgado

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Visão de águia

Vivemos num mundo geograficamente imenso, com uma variedade de seres de múltiplas espécies. Assim como nós, cada ser vivo está em evolução, procurando se adaptar da melhor forma possível às variações do ambiente. O homem age sobre o planeta alterando a terra, a água e o ar, e o planeta também se adapta, sempre buscando a harmonia e o equilíbrio necessário à vida.
Temos exemplos do desenvolvimento de diversas plantas e animais que adaptaram seus corpos e ampliaram suas capacidades para sobreviver diante de uma ameaça ou para facilitar a caça. O camaleão, que muda de cor de acordo com o ambiente em que se encontra; as plantas carnívoras que surpreendem as presas com movimentos inesperados; os morcegos que apesar de cegos possuem um sistema de “radar” que os desvia de obstáculos, as águias que possuem uma visão super apurada e a grandes distâncias avistam sua próxima refeição, dentre outros.
Muito do que o homem desenvolve ou já desenvolveu veio da observação da natureza e da interação dos seres, de suas habilidades e capacidades.
Apesar disto, ainda não dominamos as profundezas dos mares, donde habitam seres desconhecidos. Vez ou outra são catalogadas novas espécies e existem ainda algumas tribos indígenas que a pouco foram descobertas. Sem descobrir o nosso mundo por completo vamos à busca do infinito, planejamos viagens espaciais e uma quantidade gigantesca de dinheiro é empregada para averiguarmos a possibilidade de vida em Marte.
A expressão “visão de águia” remete ao foco que devemos dar ao que nos é necessário, à atenção direcionada que devemos dar a determinado assunto. Remete também à precaução que devemos ter diante do perigo, antevendo de forma consciente as nossas oportunidades e o risco que elas trazem. Ninguém em sã consciência se expõe a um risco sabendo de antemão as conseqüências que poderá colher.
Existe uma música da banda Manitu que diz: “Visão de águia se aprende a ter. Faça o que tu gostas, é pra valer.” Tudo tem seu tempo, não adianta querer ver ou sentir o que ainda não estamos prontos. Devemos seguir o coração e viver a vida sem receios.
Algumas pessoas não enxergam além do próprio umbigo, pensam apenas em si mesmas e não refletem sobre como podem melhorar ou contribuir para o coletivo.
Precisamos desenvolver em nós uma ampla visão que nos ajude primeiro a enxergar a nós mesmos e depois a enxergar o mundo a nossa volta e tudo de belo e novo que ele ainda pode nos ofertar e que ainda não descobrimos.


Fernando Christófaro Salgado

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Músicas que marcam

Todos nós temos músicas que marcaram alguma época de nossas vidas. Eu, particularmente, sou bastante eclético. Acredito que existem músicas que se encaixam bem para cada fase que estamos passando ou para cada lugar ou situação em que estivermos.
Existem músicas que parecem nos transportar para outra dimensão, que nos ajudam a afastar os problemas ou extravasar os sentimentos.
A melodia que adentra a alma, as frases e refrões que expressam tudo o que gostaríamos de dizer ou ter escrito, canções que se fixam em nossas mentes e nos acompanham por horas, talvez dias.
Músicas não foram feitas apenas para ouvirmos, podemos e devemos cantá-las sempre que tivermos vontade, independente se achamos que cantamos bem ou mal, ou do que os outros vão achar. Da mesma forma, algumas músicas foram feitas para dançarmos, dance e cante, nem que seja sozinho debaixo do chuveiro, não é loucura, não se recrimine, é o primeiro passo para se libertar do julgamento dos outros.
Existem milhares de músicas, de diversos gêneros. Algumas criam estilos, influenciam a moda e o comportamento social. Alguns movimentos musicais ficaram conhecidos até mesmo por contribuir na mudança da história, combatendo injustiças e chamando a atenção para determinados conflitos.
A música possui uma força que pode quebrar várias barreiras! Escolha sua música do momento, relembre as músicas que você gosta ou invente a sua própria música! Tenha a música sempre presente em sua vida!

Fernando Christófaro Salgado

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Orgulho, diluído ou concentrado

A cada dia tento aprender mais sobre mim. Não concordo que as pessoas possuam defeitos, defeito para mim é sinônimo de mau funcionamento e pessoas não são como máquinas que quando não funcionam corretamente podem ser consertadas, voltando a operar como antes. Experiências de vida deixam marcas que o tempo desbota, mas não apaga.
Estou longe, a milhas e milhas, a anos-luz de atingir a perfeição. Perfeição para mim seria a maior proximidade possível de uma divindade, de um ser supremo de amor e bondade, em que as qualidades e virtudes atingiram o grau máximo e inalcançável de evolução.
Tenho consciência de que tenho muitos pontos a melhorar e o desenvolvimento destes pontos só concorre a mim. Como disse estou aprendendo e no aprendizado, assim como qualquer um, incorro em erros. Às vezes repito os mesmos erros, tem coisas que são difíceis de serem assimiladas ou alteradas por nós, ou melhor, em nós.
Acredito que reconhecer um erro é o primeiro passo para começarmos a acertar. Devemos também reconhecer e valorizar nossas conquistas enquanto pessoas, tendo orgulho disto. Tenho orgulho de afirmar de peito cheio e coração aberto que não tenho inimigos nesta vida e não guardo rancor por nada nem ninguém. Este é o orgulho que deve ser concentrado, que nos dá forças para evoluir e construir sustentações cada vez mais sólidas.
Estou certo de que muitos não gostam de mim, muitos fingem que gostam ou lhes sou indiferente. Não tenho a pretensão de conquistar e ter o apreço de todos, prefiro respeitar e aceitar a concepção que cada um tem da minha pessoa.
Em contraste ao orgulho que deve ser concentrado temos o orgulho que deve ser diluído até ser eliminado de nossas vidas e relações, este é o orgulho excessivo, que gera a crença de sermos melhores e mais importantes do que os outros, um orgulho ligado ao egoísmo e a incapacidade de perdoar.
Não é vergonha sentir orgulho, o importante é sabermos como e onde iremos concentrá-lo.

Fernando Christófaro Salgado

terça-feira, 9 de junho de 2009

Um dia sem inspiração

Estranho, hoje tive a impressão de que não conseguiria escrever. Por uns instantes acreditei que não havia nada para me inspirar. Não demorei a perceber que a falta de inspiração viria a ser inspiradora por si só.
Hoje não foi um dia diferente de outro qualquer, não tenho nenhuma novidade para contar. Nada de significativo me ocorreu até o presente momento, não enquanto digito as palavras que você lê agora.
Se você ainda não se cansou deste começo enfadonho talvez você se identifique com minhas considerações e continue lendo.
Acreditamos que a inspiração só pode vir a partir de grandes amores, de lugares extraordinários que visitamos, de melodias que se fixam no nosso inconsciente ou de situações inesquecíveis por que passamos. Porém, se inspirar e tecer belas palavras a partir de eventos marcantes e por si só ricos em detalhes é, sem dúvida, uma tarefa bem mais fácil do que se inspirar pelas pequenas coisas da vida.
Percebi que um dia sem inspiração seria um dia impossível de existir, ao menos para mim. Prefiro me inspirar pelas surpresas do futuro, pelas possibilidades que posso construir por mim mesmo ou ainda pelas pequenas coisas, até mesmo como a falta de inspiração.
A simples certeza de que amanhã será um novo dia, mesmo que eu faça praticamente a mesma rotina de hoje, já é extremamente inspiradora. Nossa vida, em todas as instâncias, pode ser pura inspiração se vislumbrarmos maneiras de melhorarmos sempre, se acreditarmos no nosso potencial e mantivermos a esperança no futuro.
Um dia sem inspiração seria um dia sem amor próprio, sem amor pela vida, onde um sorriso fraterno perderia o significado, um beija-flor na sua janela perderia a graça, dançar perderia o sentido, o cheiro de mato com gotas de orvalho seria indiferente e você não acharia estranho se, diante de um desafio, você se encontrasse paralisado.
A vida nos inspira constantemente! Saibamos aproveitar o espetáculo de cores, sons e sensações que nos cercam para criarmos novas oportunidades para nós mesmos e para os outros.

Fernando Christófaro Salgado

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Dormindo com a dúvida

Na noite passada perdi o sono, estava exausto, mas não conseguia dormir de maneira alguma. Cheguei à mesma conclusão que sempre chego quando estou assim, pensar demais na hora de dormir é péssimo, mas acaba sendo inevitável.
Tem dias em que um turbilhão de coisas passa pelas nossas cabeças. Vemos e ouvimos muitas coisas que não gostaríamos, sentimentos são desenterrados e no momento que ficamos completamente sós com o travesseiro imagens e situações são criadas por nossas mentes.
Prontificamos-nos a imaginar as melhores soluções, as melhores atitudes, o que fazer para amenizar o estado aflitivo, para resolver ou ao menos tentar contornar o problema. Neste exercício surgem dúvidas e tomados por certo ímpeto cremos que quando acordarmos a difícil decisão que atrapalhou os nossos sonhos terá sido a acertada. Mera pretensão.
Dormir é essencial para recompormos as energias físicas e principalmente para equilibramos nossa energia mental. Dormimos com a dúvida, mas acordamos com a certeza de que com a cabeça descansada e sob a luz de um novo dia tudo aquilo que nos tirou o sono foi insensato. Dificilmente cumprimos com nossos planos noturnos, pois eles costumam ser frutos de hipóteses elaboradas em momentos de ansiedade e reflexões confusas.
Toda e qualquer decisão importante deve ser tomada com clareza de idéias, com a tranqüilidade necessária e com a análise consciente das alternativas.
Hoje me vi, de certa forma, surpreendido ao acordar e perceber que os meus devaneios haviam cessado. Já havia me preparado para tomar uma atitude que cheguei a ter certeza que era a certa, porém, com a cabeça fresca, percebi que não faria sentido algum fazer aquilo.
Devemos dar tempo ao tempo e deixar que nossas dúvidas e inseguranças se dissipem naturalmente, com a reflexão consciente dos nossos atos, mesmo que se percam algumas noites de sono.

Fernando Christófaro Salgado

domingo, 7 de junho de 2009

Preparando-se para o imprevisível

Não sabemos o que nos espera no dia seguinte. Uma infinidade de coisas pode acontecer conosco a qualquer momento. A fragilidade do corpo humano fica a mercê de ameaças constantes e variadas que por previdência tentamos evitar. No curso de nossas vidas sofremos inesperadas mudanças nos âmbitos pessoal, profissional e afetivo.
Não temos meios de prever o futuro, num piscar de olhos nossa vida pode mudar completamente.
Teorias da física e cálculos matemáticos complexos vislumbram uma maneira de viajarmos no tempo e descobrirmos o que nos espera.
Alan Kardec expõe uma interessante explicação sobre a inviabilidade disto ocorrer:
“A certeza de um acontecimento feliz o atiraria na inação; a de um acontecimento desgraçado, no desânimo; e num caso como no outro suas forcas seriam paralisadas. Eis porque o futuro não é mostrado ao homem senão como um alvo que ele deve atingir pelos seus esforços, mas sem conhecer as vicissitudes por que deve passar para atingi-lo. O conhecimento de todos os incidentes da rota lhe tiraria a iniciativa e o uso do livre-arbítrio; ele se deixaria arrastar pelo declive fatal dos acontecimentos sem exercitar as suas faculdades. Quando o sucesso de uma coisa está assegurado ninguém mais se preocupa com ela.”
Para que possamos nós preparar para o imprevisível devemos nos ater ao que temos, ao que somos e ao que construímos ao longo de nossas vidas, sabendo que esta construção não pára enquanto estivermos respirando. Devemos nos fortalecer com nossos erros e nos orgulhar de nossos acertos. Aprendendo com o passado, cuidando do presente e vivendo cada momento em busca de aprendizado. Uma ação nossa pode ter diversos tipos de reação e nem sempre a reação que recebemos será a que esperávamos. Acreditar no “se” é gastar o tempo que temos com hipóteses impossíveis, pois nada muda o passado.
Não devemos temer o futuro, pois ele é fruto de nossas ações no presente.
Quem planta e cuida bem de sua árvore tem a certeza de que ela dará bons frutos!

Fernando Christófaro Salgado

sábado, 6 de junho de 2009

Autocontrole, um desafio

Ninguém sabe nem é obrigado a saber o que se passa na cabeça de outra pessoa. Muitos dias em que não estamos bem conosco temos que maquiar a realidade e seguir certas normas de conduta e educação.
Chegamos cedo ao trabalho e recebemos cordiais desejos de “bom dia”, nos perguntam como estamos ou como foi nosso fim de semana. O que ocorre é que apenas com poucas pessoas temos intimidade e abertura para falar de nossa vida pessoal e temos que retribuir e responder a todas as perguntas e comprimentos dos outros como se tudo estivesse às mil maravilhas. Não podemos deixar transparecer nosso abatimento.
Em dias de angústia e aflição por alguma doença própria ou em família, por alguma separação indesejada, pela perda de um ente querido, ou por problemas de qualquer natureza, temos que manter o autocontrole e representar um estado de espírito incompatível com nossa realidade íntima.
Nestas situações temos que ser quem não somos de verdade e isto demanda um esforço imperceptível mas que vai se tornando cada vez maior na medida em que os problemas se acumulam.
Mas até que ponto manter o autocontrole é benéfico?
Acredito que todos nós temos um limite e reconhecer este limite pode ser extremamente difícil. Podemos achar que estamos contornando bem uma situação, mas na realidade estamos nos enganando. É nesta hora que é necessário aceitar todo e qualquer tipo de ajuda, quando achamos que estamos no controle, mas não estamos mais. Quando não dá mais para suportar a pressão a que nos impomos para satisfazer aos padrões sociais, mas não percebemos isto.
A chave para o autocontrole é o conhecimento de si próprio e se conhecer bem é um grande desafio que devemos buscar superar todos os dias de nossas vidas.

Fernando Christófaro Salgado

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Encontrando o caminho

A dificuldade que temos para expressar nossa religiosidade e caridade esbarra na complexidade e variedade de crenças e seitas religiosas existentes pelo mundo. Em nosso país, de maioria católica, com um número crescente de crentes e protestantes, a tolerância é grande e os conflitos religiosos são praticamente nulos. Em geral, desconhecemos as outras grandes religiões como o budismo, o islamismo, o hinduísmo, a doutrina espírita e a diversidade das religiões chinesas, por não fazerem parte da nossa realidade cotidiana.
Assistimos com incompreensão e certa aceitabilidade a luta incessante, a repreensão e a carnificina provocada por extremistas religiosos. Aceitamos, pois já estamos acostumados a ver homens bomba, pessoas induzindo e impondo suas crenças, com a pretensão de serem donos da verdade, se guiando por um Deus distante da bondade, da caridade e do amor que não distingue. Aceitamos por acreditar que essa luta não é nossa, está distante de nós e nunca terá um fim.
Mas não aceitamos quando nos contradizem, censuramos quando nos chamam a conhecer outra forma de ver e entender outros deuses ou mesmo o nosso próprio Deus. Temos dificuldade em aceitar o ateísmo. A falta de uma referência religiosa nos incomoda tanto quanto uma referência distinta de nossas crenças.
Acredito que cada um é dono de sua própria verdade e livre para crer no que quiser. Mas não basta apenas crer, o respeito é indispensável para que limites não sejam ultrapassados.
Fazendo uma reflexão, penso que faço muito menos do que posso ou poderia fazer pelo bem comum. Talvez ainda não esteja preparado para dar minha real contribuição aos que necessitam dela. Penso que vivemos em um estado inercial onde precisamos de algo que nos motive e direcione a agir para tomarmos uma atitude diferente da qual estamos habituados. Não sabemos por onde começar e nossa letargia lúcida nos impede de encontrar o caminho. Tendemos a achar que nossos problemas são os maiores que podem existir. Temos receio de nos envolver com os problemas dos outros, principalmente dos desconhecidos. Na verdade, não sabemos ou não buscamos saber onde se localizam ou quais são os problemas de uma creche, de um asilo, de uma ONG ou de uma comunidade carente. Pelos erros de uns, generalizamos e desconfiamos da gestão de pessoas que doam seu tempo e suas vidas para fazer a diferença na vida dos outros.
Independente da crença ou não em algum Deus, acredito que o caminho está na retidão da conduta, na prática do bem, no respeito e amor ao próximo. Cada um doa o que pode doar, quando puder. Eis o caminho que devemos seguir!

Fernando Christófaro Salgado

quinta-feira, 4 de junho de 2009

O que os olhos não vêem

Já conheci cegos, surdos e mudos, aleijados e todo o tipo de gente, altos demais, baixos demais, gordos ou magros demais. Por estarem fora do padrão considerado “normal”, existe a tendência de tratá-los como criaturas inferiores ou incapazes.
Existe também um padrão de beleza que é cultuado e almejado por muitos. A indústria da beleza mexe com a cabeça de bilhões de pessoas que buscam a satisfação íntima entendendo que alterando suas características físicas passarão a ter maior aceitação social.
Decerto que aquele que não se sente bem consigo mesmo deve, se possível, alterar seu corpo para elevar sua auto-estima e para se aceitar melhor, porém não acredito que com cirurgias plásticas se consiga o apreço, amor e consideração de outras pessoas. Para aqueles que lhe são próximos e que se importam realmente com você não será uma mudança física que irá alterar isso. Nem para a conquista de novas pessoas. O que as pessoas vêem é apenas a nossa casca, que pode sofrer toda sorte de alteração. Podemos nos bronzear, tatuar, cortar, furar e enfim envelhecemos.
Ao contrário da beleza física que só se degrada a beleza interior pode crescer continuamente, em outras palavras, o corpo, independente da forma, tem sempre o mesmo destino, mas o espírito não tem forma e carrega a essência de cada um. Essa essência os olhos não podem ver, mas ela pode ser sentida através dos nossos atos. Ela pode ser trabalhada e ampliada e é a percepção dela que gera os reais conceitos que os outros fazem de nós.
Desenvolver a nossa essência, o nosso eu, é o caminho para enxergamos nos outros a essência deles e não apenas suas características exteriores.
O corpo é apenas o meio com que o espírito se mostra para o mundo. A capacidade, a beleza e a grandeza de cada um residem na amplitude da alma.

Fernando Christófaro Salgado

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Parando o tempo

A nossa memória geralmente não consegue reter por muito tempo, com riqueza de detalhes, o rosto de pessoas que passaram por nossas vidas e foram importantes, não nos ajuda a lembrar da beleza de lugares que visitamos, de momentos em que estivemos satisfeitos ou que tipo de roupas usávamos quando éramos crianças. Nem é preciso retroceder tanto, algumas vezes não lembramos nem a roupa que vestimos ontem...
Existem momentos em que estamos tão felizes que gostaríamos que o tempo parasse e aquele estado de espírito perdurasse indefinidamente. Não percebermos que podemos parar o tempo sempre que quisermos.
Dominamos uma tecnologia que nada tem de inovadora e há muito vem sendo utilizada. Com ela podemos registrar todo o tipo de movimento, lugar, sorriso, seja no céu, seja debaixo d’água, toda ocasião pode ficar gravada para a eternidade.
É simples e meio banal constatar isto, mas a fotografia para mim foi uma das maiores invenções da humanidade. Ela tem o poder de atestar fatos, trazer a tona a miséria e a riqueza, a evolução da sociedade no tempo, demarcando a história e mostrando realidades que se alteraram.
O momento que cada foto revela é um instante em que o tempo parou.
Temos muita sorte de vivermos na era digital, onde celulares e potentes máquinas digitais colocam facilmente à nossa disposição um meio tão simples de não deixarmos que nossa memória nos traia.
A luz do esquecimento se apaga quando olhando uma foto fazemos mais, voltamos no tempo e outros sentidos são despertados, lembramos da música que tocou naquela festa, do cheiro do bolo da vovó, da torcida gritando naquele campeonato. Pensamos onde e como estarão nossos amigos de infância, sentimos saudade de pessoas que não veremos mais nesta vida.
Não entendo quando as pessoas me dizem que não gostam de fotografias. Para mim, parar o tempo é a melhor maneira de manter vivos os momentos que não voltam mais.

Fernando Christófaro Salgado

terça-feira, 2 de junho de 2009

Bom senso

O que é muito ou bom para uns, pode ser pouco ou nada para outros. Na correria do nosso dia a dia só lembramos que existem desigualdades quando estamos assistindo ao noticiário de TV ou lendo o jornal pela manhã. Já nos acostumamos a ver tanta diferença, tanto sofrimento. Vemos pessoas perdendo tudo em enchentes, incêndios, vendavais. Morrendo por não ter o que comer, com os filhos menores trabalhando ilegalmente para contribuir com algo. Vemos também palacetes sendo erguidos, carros luxuosos, jatinhos e helicópteros levando “gente importante”, obras de arte sendo vendidas por milhões, dinheiro movimentando o crime e o tráfico. Tudo é tão normal para nós. Conformamos-nos sempre que não somos atingidos.
Algumas pessoas se mostram descontentes com o que têm e com o que conquistaram, querem sempre mais, passando gananciosamente por cima de tudo e de todos. Algumas se sentem sempre vítimas das circunstâncias e não fazem nada para melhorar.
Somos nós que definimos o que é muito ou bom, pouco ou nada em nossas vidas, não os outros, não as circunstâncias ou eventos por que passamos. Devemos dar o devido valor a nós mesmos, aos outros e aos nossos bens. O auxílio ao próximo pode vir apenas de um sorriso sincero. O dinheiro não traz felicidade e sim o uso consciente e responsável dele. Investir na felicidade é procurar o equilíbrio entre a satisfação pessoal e a satisfação social.
Para se atingir a satisfação social é necessário se sentir um dos responsáveis pela complexa engrenagem que movimenta as relações humanas e desempenhar seu papel da melhor maneira possível. É preciso saber que você influencia o meio em que vive e conservar o equilíbrio deste é de fundamental importância para seu crescimento.
O bom senso é a balança que te ajudará a definir o quanto você deve conceder de atenção a cada fato ou evento durante sua vida!

Fernando Christófaro Salgado

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Um dia difícil

Logo no início do dia uma notícia estarrecedora lhe é comunicada. Um colega falta e você tem que fazer o serviço dele também, tudo que você faz parece dar errado, várias pessoas te solicitam ao mesmo tempo, o telefone não pára de tocar, quando você quer falar com alguém a pessoa não está disponível, a insistência começa a ser irritante, as horas parecem se arrastar como lesmas cansadas, você sente frio e lembra que seu casaco ficou em casa (sobre a mesa da cozinha), o almoço não bate bem no estômago, com azia você volta para sua mesa, seu computador pega um vírus e fica extremamente lento, a internet não funciona direito, você escorrega no banheiro e corta o braço na quina da pia, no seu serviço não tem kit de primeiros socorros, o sangue não pára de jorrar, providenciam mais que depressa um saco com gelo, o sangue estanca, aparece uma funcionária nova, que você não conhece, e diz que tem uns band-aids na bolsa, ela olha assustada para o seu corte e corre para a sala dela, retorna frustrada dizendo ter esquecido a bolsa no restaurante em que foi almoçar. São 16:47 e você ainda tem alguns minutos no serviço. O que mais pode dar errado? Você começa a se lembrar da notícia que recebera no início do dia. Hoje é seu último dia de trabalho! Só agora você começa a digerir a notícia recebida logo cedo, começa a entender o real motivo da azia, percebe que a funcionária nova que tentou te ajudar estava ali para ocupar a sua cadeira.
Um tempo depois, já em outro emprego, você pensa: Será que aquele foi um dia difícil para mim? Refletindo, você chega à conclusão de que quase nada fugiu de sua rotina normal.
Notícias ruins demoram a ser assimiladas e compreendidas, mas não nos impedem de continuarmos a agir. Por mais que o dia pareça ser difícil devemos manter a fé e acreditar que dias melhores virão. Devemos acreditar na nossa capacidade de superação e também na capacidade de superação dos outros, nunca deixando de oferecer um ombro amigo quando julgarmos necessário, mas respeitando o tempo de cada um para processar uma notícia indesejada.

Fernando Christófaro Salgado