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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Gritos e sussurros

Tem sempre alguém metendo o bedelho onde não é chamado. Algumas pessoas não se contentam em cuidar da própria vida e, além de aumentar a história dos fatos, ainda têm o disparate de inventar coisas e difamar os outros pelas costas.
Já houve um tempo (de plena ingenuidade) em que eu não acreditava na força da inveja que pode recair sobre nós, em seus efeitos devassadores. Infelizmente temos que conviver com pessoas que não se simpatizam conosco, ou melhor, que fingem que se simpatizam.
A cada conquista, a cada passo de sucesso, a cada reconhecimento há alguém que se sente incomodado, que almeja o mesmo, porém fica estacionado e não vai à luta, prefere confabular. Pobres almas fracas de si.
Muitas pessoas se incomodam com gritos, porém, são os sussurros que me deixam mais inconformado. Enquanto os gritos são a exteriorização de sentimentos exacerbados (raiva, inconformismo, comemoração, êxtase), os sussurros acontecem de caso pensado, têm o objetivo de esconder, de transmitir segredos que poderiam ficar guardados para serem revelados em outra ocasião, longe dos olhos e ouvidos de quem não precisa presenciar tal cena.
Os sussurros são para aqueles que precisam esconder alguma coisa. Para quem tem receio de falar abertamente o que pensa ou sente. Para quem não tem confiança em si mesmo para expor uma dúvida, temendo ser criticado. Para quem tem a prática de dominar assuntos sobre a vida alheia, não se importando sobre a veracidade do que transmite.
Muitas vezes aqueles que gritam inadvertidamente são taxados de loucos. Loucos mesmo são os outros, que conscientemente se valem da falsidade e da covardia para denegrir a imagem do próximo.


Fernando Christófaro Salgado.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Motivo para reconhecimento

Desde pequenos aprendemos que, para que tenhamos atestado um grau superior de conhecimento ou de habilidade para determinada coisa, é preciso ser reconhecido de alguma maneira, por alguém ou alguma instituição. Só para exemplificar, é assim na escolinha primária, nas aulas de inglês, com as mudanças de faixa do caratê, na emissão de diplomas por uma universidade e em diversas outras situações.
Infelizmente, somos impelidos a acreditar que é sempre necessário passar pelo crivo dos outros para obtermos sucesso e reconhecimento. Temos sempre que fazer bonito aos olhos dos impiedosos avaliadores, do contrário as portas se fecham, ou seja, as oportunidades de alcançar os resultados almejados diminuem drasticamente, podendo até se anularem.
Pensar que todos devem ser iguais e ter o mesmo desempenho em tudo àquilo que se propõem a realizar chega a ser cruel. É inegável que cada pessoa possui gostos, aptidões, características físicas e psicológicas diferentes. Quando se é cobrado (ou pior, quando a própria pessoa se cobra) por algo que não gosta de fazer, obter o reconhecimento se torna uma tarefa hercúlea.
Quando nos permitimos guiar pelas vontades dos outros começamos a buscar resultados que pertencerão e que irão satisfazer muito mais a eles do que a nós mesmos. Nestes casos os esforços terão realmente valido a pena? Toda a dedicação, treinamento, suor e lágrimas trarão um retorno satisfatório? Creio que não.
Em vez de buscar reconhecimento deveríamos aprimorar nossa capacidade de auto-avaliação. Esperar sempre mais de nós mesmos e não por um julgamento alheio. Professores seriam realmente mestres, transmitindo conhecimento para os discípulos absorverem e desenvolverem, sem cobranças, suas próprias habilidades.
As questões cruciais girariam em torno dos questionamentos: Como você acha que pode melhorar? Em que você gostaria de se empenhar mais? O quão satisfeito você está realizando tal tarefa? É este o resultado esperado por você e para você?
Se conhecer a ponto de saber responder tudo isso com assertividade e sendo honesto consigo mesmo é o único motivo para reconhecimento, pois impondo seus limites e se desafiando, você estará se reconhecendo capaz de chegar aonde deseja.


Fernando Christófaro Salgado.

sábado, 22 de maio de 2010

Somos diferentes de nós mesmos

É fato que não existe um ser humano sequer que seja idêntico a outro. Enquanto a clonagem de nossa espécie ainda não foi desenvolvida, por mais que possam existir pessoas extremamente parecidas fisicamente, através de pequenos traços nas pontas dos dedos, ou seja, das impressões digitais, pode-se comprovar que não se tratam de pessoas iguais.
Se as pessoas, em análise estrita, não possuem aparência física semelhante, a possibilidade delas possuírem convergência de pensamentos é ainda menor, avaliando a complexidade do cérebro e os melindres que envolvem o consciente e o sub-consciente.
Por mais que pensemos que os outros agem em conformidade com o que acreditamos, nunca podemos estar totalmente certos disto. Alguns dizem que as únicas certezas que temos são aquelas que emanam de nossos próprios princípios e valores. Será mesmo?
Talvez nossos princípios e valores permaneçam inalterados, mas nossas certezas são bastante influenciáveis pelas experiências e mudanças que temos durante a vida. O motivo disto é que nunca estamos certos ou errados sozinhos. Estamos sempre certos ou errados com relação a alguém ou a alguma coisa e estes são parâmetros que não podemos controlar.
A mudança da nossa maneira de pensar não ocorre da noite para o dia, mas, às vezes, nos tornamos diferentes sem nem mesmo perceber. O pensamento pode mudar através da convivência, do esforço, do estudo, dos erros e acertos, da perseverança e de tudo que influencie positiva ou negativamente nossa vida.
Como estamos em constante processo de crescimento e aprendizado, logo estamos sempre alterando a maneira com que agimos, falamos, escrevemos e nos relacionamos.
Um exercício interessante que pode representar bem o título deste texto é o da escrita. Imagine um tema proposto ou que seja do seu agrado e se disponha a discorrer sobre ele, dando sempre o mesmo enfoque. No primeiro dia você irá utilizar um determinado grupo de palavras e frases. No segundo dia pode ser que a redação tenha o mesmo conteúdo, mas, inevitavelmente, suas idéias não irão surgir na mesma ordem e outras conjunções, verbos e pronomes serão utilizados.
Não somos máquinas que armazenam tudo de forma ordenada e fixa e não temos limites para melhorar. Somos diferentes de nós mesmos, pois o EU de hoje não é o mesmo EU de ontem e não será o mesmo EU de amanhã.


Fernando Christófaro Salgado.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

O caçador de sorrisos

Ele era um homem pacato, de vestimentas simples e de poucos, mas importantíssimos afazeres. Acordava todos os dias bem cedo e com bastante fome. Era preciso recuperar as energias se alimentando. Porém, não comia pães, frutas ou biscoitos, nem tomava café ou leite. Durante o dia, também não ingeria nenhuma sorte de alimento.
Pode-se dizer que ele era um caçador muito diferente, um homem destinado a se alimentar apenas de uma coisa, sorrisos! Era preciso, desta forma, buscá-los nos diferentes rostos das pessoas com que ele se deparava no dia a dia e quanto mais sorrisos ele avistasse ou recebesse, melhor e mais disposto ele se sentiria. Era como se ele fosse uma espécie de medidor da felicidade alheia.
Uma das tarefas dele era andar e conhecer todas as partes das cidades que freqüentava, desde os lugares mais carentes até os mais sofisticados. Em todos os ambientes em que estivesse sua expectativa era a de se sentir bem, captando todas as irradiações positivas emitidas pelos lábios ou dentes de quem encontrasse pelo caminho. Sofria de indigestão com sorrisos amarelos e risadas sarcásticas, por outro lado quase flutuava de prazer quando via pessoas a gargalhar.
Em dias nublados ou de chuva só encontrava caras amarradas e se enfraquecia como uma planta sem água. Também não podia dirigir por muito tempo no trânsito caótico das grandes cidades, onde sob stress constante, não se via um sorriso estampado na cara de ninguém. Convocado para uma guerra, o caçador apresentou ao exército atestado médico para se ausentar, alegando que morreria apenas por desembarcar num campo de batalha (cenário nada propício a sorrisos).
Ver aquele homem cabisbaixo e enfraquecido era mau sinal. Significava que o ambiente estava pesado ou a maré não estava para peixe. Ao contrário, vê-lo alegre e saltitante era compensador, pois era a garantia de que as pessoas que estivessem naquele ambiente estavam pipocando sorrisos para todos os lados e o alto astral poderia ser sentido.
O caçador havia sumido por um longo período de tempo, muitos achavam que tivesse morrido, entretanto, há alguns anos, descobriu-se que ele está vivo, mas vem perdendo suas forças gradativamente.
Esforça-se para sair de casa mesmo em dias bonitos e ensolarados, mas é raro captar um sorriso sequer. Visita lugares direcionados para a alta sociedade e só vê pessoas sérias e sem expressão. Nos ônibus lotados só escuta reclamações, nas filas dos bancos sente a impaciência do povo, nos aumentos de preços e na cobrança excessiva de impostos percebe a indignação de todos, vê religiosos corruptos e inescrupulosos roubarem constantemente o dinheiro de humildes e ingênuos fiéis, assiste a políticos que nem de longe desempenham o papel que deveriam continuar a fazer o sempre fizeram. Tudo isso e outras coisas tão ou mais entristecedoras persistem sem que seja tomada nenhuma atitude para corrigir ou melhorar nada.
Por alguns instantes ele começou a se perguntar se as pessoas ainda têm motivo para sorrir, por que se não tiverem será, de fato, o momento de seu fim. Mas, rapidamente, se lembrou de visitar o seu refúgio predileto, um jardim de infância. Lá as preocupações e o stress ainda não fazem parte da realidade e as risadas inocentes talvez representem uma esperança para um futuro mais alegre, onde não seja mais necessário procurar sorrisos para se viver melhor, eles estarão soltos pelo ar.


Fernando Christófaro Salgado.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Datas que marcam

Ontem foi um dia de dupla comemoração. Uma data que todos lembram e celebram coincidiu com a data em que completei um ano de vida. Exatamente no dia 09/05/2009 sofri um acidente de carro onde por um milagre não tive praticamente nenhum arranhão. Meu carro colidiu com outro veículo e rodou na pista batendo em vários obstáculos. Perda total. Foi o pior “presente” de dia das mães que poderia ter dado para a minha.
Um ano depois ninguém mais se lembraria deste fatídico dia nove de maio se não fosse pelo Dia das Mães, mas, para mim, este dia ficará marcado para sempre, como o dia em que Deus me deu uma nova chance de viver. Neste dia também pude ter perto de mim as pessoas que realmente se importam comigo e que tiveram a oportunidade de demonstrar isto, com toda a preocupação que se reserva às pessoas queridas. Mais um motivo para celebrar, ter cada uma destas pessoas presente em minha vida.
Eventos desta magnitude, quando ocorrem, costumam provocar profundas modificações em nossa maneira de pensar e de ver o mundo. Comigo não foi diferente. Dentre outras coisas, deixar meus pensamentos e reflexões aqui registrados passou a ser uma tarefa prazerosa e gratificante. Não escrevo com a constância que gostaria, mas os poucos registros que faço refletem o que tenho pensado durante um determinado período.
Não são necessariamente as datas comemorativas que deixam marcas em nossas lembranças, mesmo por que elas ocorrem de ano em ano ou ocasionalmente. Há quem mesmo nem ligue para datas, porém acredito que elas sejam um importante referencial para avaliarmos a nós mesmos, como éramos e quais mudanças se operaram em nossa forma de pensar e agir após um determinado evento.
Para mim, as datas que realmente marcam são as que repercutem por toda a nossa rede de relacionamentos, que envolvem parentes, amigos e colegas, que nos afastam de nossa rotina e que, de um jeito ou de outro, nos forçam a mudar, a querer sermos pessoas melhores.


Fernando Christófaro Salgado.

sábado, 8 de maio de 2010

Traçando metas inalcançáveis

Pode parecer um tanto incoerente definir alguma meta que seja inatingível, mas não nos faltam exemplos de superação de limites que antes pareciam impossíveis de serem transpostos. Como disse o poeta romano Ovídio: “Um cavalo nunca corre tão rápido quanto corre quando têm outros para acompanhar e superar”.
A ação de traçar metas faz parte de um planejamento com objetivo de se obter algo desejado. Temos que ter metas para tudo na vida? Obrigatoriamente, não. Porém, para sairmos do statu quo, precisamos enxergar além. Imaginar onde, como e o que pretendemos estar fazendo daqui a 5, 10, 15, 20 anos ou mais.
Por exemplo, investir em um plano de previdência privada é uma forma de planejar o futuro a longo prazo, tendo garantias de um retorno que poderá agregar no valor da aposentadoria ou ser usufruído da melhor forma durante a melhor idade. Quem faz um investimento deste tipo tem uma meta definida em mente ou pelo menos está se resguardando para algum imprevisto que possa surgir com o decorrer do tempo.
Existem pessoas que, tomadas pela indecisão e pela falta de planejamento, ficam amarradas, literalmente sem ação nenhuma, diante das escolhas que devem tomar e dos caminhos que podem seguir. Não sabem que curso fazer, não pensam se vão morar em uma casa ou num apartamento, se pretendem ter filhos ou não, nem que lugares gostariam de conhecer ou qual carro estarão dirigindo dentro em breve. Para definir estes caminhos e escolhas é preciso, como dito, vislumbrar o futuro.
Gosto de acreditar que metas inalcançáveis são nada mais, nada menos, que sonhos possíveis. Coisas que esperamos e realmente queremos obter no decurso de nossas vidas. Quantos atletas já quebraram recordes olímpicos e mundiais? Que jogador de futebol profissional não almeja ser convocado pela seleção brasileira quando inicia sua carreira? Que piloto de Fórmula 1 não deseja ser campeão? Todos os que chegam ao topo na atividade que exercem, seja esportiva ou não, são pessoas obstinadas por vencer e conquistar aquilo que almejam.
A partir do momento em que colocamos na cabeça que não somos capazes de fazer determinada coisa, criamos uma espécie de bloqueio mental que, de fato, impede que consigamos desenvolver maneiras de transpor o desafio a ser enfrentado.
Pensar alto é buscar se nivelar por cima, é querer alcançar o que, à primeira vista, parece inalcançável. Com doses certas (leia-se elevadas) de otimismo, perseverança, preparação e planejamento, todos nós podemos, com o tempo, chegar onde quisermos.


Fernando Christófaro Salgado.