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sábado, 31 de julho de 2010

Controle total ou parcial?

É interessante observar as relações que temos com outras pessoas e o quanto elas podem interferir em nossas escolhas, ações e reações. Pode ocorrer que, por falta de experiência de vida ou imaturidade, acreditemos não sofrer nenhum controle por parte dos que convivem conosco, pode acontecer de sermos influenciados parcialmente ou, ainda, de nos tornarmos espécies de marionetes.
De um jeito ou de outro, é quase impossível dizer que não sofremos influência do meio em que vivemos ou de parentes, amigos e colegas. Por mais independentes, fortes e determinados que possamos ser ninguém vive sozinho, e poucos se sentem confortáveis em tomar decisões difíceis sem consultar outras pessoas.
A idéia de estar sofrendo algum tipo de controle não passa pela cabeça de ninguém e é até mesmo incômoda, mas se observamos com atenção, quando realizamos coisas que nos deixam insatisfeitos, ou melhor, que não refletem de verdade aquilo que gostaríamos de estar fazendo, estamos sendo controlados pela situação ou por quem nos induziu a estar nela.
Simplesmente para atender ou tentar superar as expectativas de outras pessoas, às vezes, nos “deixamos” ser manipulados por medo ou para não magoá-las, e passamos a viver vidas que não são nossas, seguimos caminhos que nos desvirtuam daquilo que realmente queremos e geramos uma infelicidade que, quanto mais represada, mais prejudicial é para nós.
Controle entendido como influência não é de todo ruim, pois é o controle parcial, que não sai de nossas mãos, podemos aceitá-lo ou não, mas quando este passa a ser entendido como manipulação, como citado acima, aí sim, querendo ou não, ele foge de nosso domínio e passa a não ter mais nenhum contorno benéfico.
A cada dia nos descobrimos cada vez mais e os controles são necessários e extremamente importantes para que conheçamos nossos próprios limites e quando é possível ultrapassá-los, para asseverarmos nossas convicções e deixarmos transparecer nossa vontade e personalidade sem que elas sejam distorcidas por quem quer que seja.
Fiquemos atentos para nunca sermos controlados totalmente, vivendo uma vida que não nos pertence.


Fernando Christófaro Salgado.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Faz de conta

A vida é um eterno faz de conta
Faz de conta que o filho cresceu
Que você de nada esqueceu
E que o salário nunca encolheu

Faz de conta que cigarro não mata
Que na Amazônia não se desmata
Normal termos políticos na mamata
E o povo num só nó que não desata

Faz de conta que conhece a verdade
Se ilude, esconde a própria identidade
Escondido, acha correto a maldade
Compromete, por pouco, toda atividade

Faz de conta que o Brasil é uma potência
Que ninguém aqui luta pela sobrevivência
Que o nosso futebol é imbatível, paciência!
E que, para todo mal, deve haver clemência

Faz de conta que tem sempre a razão
Que não age por impulso ou emoção
Que não lembra aquela velha canção
Ou que não reconhece a real diversão


Fernando Christófaro Salgado.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Mais do mesmo

Estive refletindo sobre como nossas reações com relação a coisas não habituais em nossa rotina se tornam medíocres com o tempo e o quanto elas são reativas, ao invés de serem preventivas. Relaxamos com o estado da situação presente e esperamos vivenciar um problema para, então, tomarmos as ações necessárias.
Muitas vezes somos cobrados pelos outros ou por nós mesmos a apresentar um resultado melhor do que o atual, mas nem sempre ocorre uma cobrança mútua e contínua. Não basta que haja cobrança de uma parte sem comprometimento real da outra, da mesma forma que não basta que haja comprometimento de uma parte, sem que haja uma avaliação regular de desempenho e a conseqüente cobrança dos resultados esperados.
Para que as mudanças sejam efetivas e eficazes não podemos continuar a entregar sempre mais do mesmo, em outras palavras, não podemos deixar a peteca cair. As melhorias, em qualquer âmbito da vida, não se dão da noite para o dia e, de um jeito ou de outro, elas devem ser preservadas.
Para que possamos nos sentir motivados precisamos ter metas que sejam alçáveis e desafiadoras. Estamos sempre em busca de reconhecimento, seja pessoal, profissional ou financeiro e ninguém faz nada de graça, mas dependendo do contexto em que nos encontramos, temos também que nos flexibilizar e contribuir para que seja atingido um objetivo maior que, em um primeiro momento, possa parecer irrelevante para nós.
Se ficarmos presos apenas àquilo que estamos acostumados a fazer, sem desenvolver uma visão periférica do meio no qual estamos inseridos podemos até atingir todas as nossas metas atuais, porém não estaremos nos atualizando e nos capacitando a antever adversidades.
No mundo empresarial, a receita para não errar é estabelecer e seguir normas, padrões e procedimentos. Quando fizer alguma coisa, deve-se planejar e executar de forma bem feita, para que não haja retrabalho ou até mesmo um retrocesso. Na vida pessoal é preciso buscar nas experiências passadas os erros e acertos, filtrando, mantendo e melhorando apenas aquilo que foi bom. Um ponto importante em ambas as situações é que sempre devemos ter um feedback e, se ele não ocorrer, devemos cobrar constantemente daqueles com que nos relacionamos.
Enfim, deixemos de entregar mais do mesmo e passemos a entregar mais que o mesmo!


Fernando Christófaro Salgado.

domingo, 18 de julho de 2010

Gritos de opressão

Nestes dias que se passaram assisti a uma palestra que abordou, dentre outros temas, os modelos mentais que involuntariamente seguimos, ou melhor, que somos condicionados a seguir, devido ao meio e as experiências que vivenciamos com o decorrer do tempo. As diversas mudanças que ocorrem no mundo dinâmico e globalizado fazem com que nossos modelos mentais evoluam constantemente, porém esta evolução nem sempre é perceptível ou aceitável.
A alteração dos modelos mentais que nos governam passa pelo ponto da quebra de paradigmas. Estes modelos devem servir como direcionadores e não como condicionadores em tomadas de decisão, do contrário eles começam a oprimir a criatividade individual.
Um exemplo simples para representar o quanto compartilhamos modelos mentais semelhantes pode ser demonstrado se pedirmos para um grupo de pessoas desenharem e colorirem um marciano, ou, para simplificarmos, pedirmos que apenas imaginem como seria um marciano. Grande parte deste grupo irá relatar que pensou em um homenzinho verde, com ou sem antenas. Se alguém pensar em marciano rosa, haverá comentários e questionamentos por parte dos outros. Isto porque, por anos e anos, sempre vimos em filmes de ficção científica ou em desenhos que os marcianos são criaturas verdes e é esta a idéia que está consolidada em nosso subconsciente.
Apesar de possuírem alguns modelos mentais parecidos, por viverem em uma mesma sociedade, sob mesmas características culturais, cada pessoa desenvolve e pratica os modelos que acredita serem os mais corretos para o presente estágio de sua vida, porém, se der ouvidos para os gritos de opressão advindos daqueles que pretendem cercear sua liberdade e sua criatividade, pouco irá evoluir para novas descobertas e para reafirmação de seus próprios conceitos, em limites extremos, poderá viver uma vida que não é a sua, por refletir os modelos mentais que outros “criaram” e “impuseram” para ela.
Em suma, devemos entender que apesar de existirem padrões de entendimento sobre determinadas coisas, nem sempre eles constituem verdades absolutas. Todas as pessoas pensam de maneira diferente, porém umas admitem as barreiras e se encolhem diante das dificuldades, proferindo frases como: “Sempre foi feito assim, porque mudar?”, “Já tentei e não deu certo.”, “Vão te chamar de louco, de ridículo!”, enquanto outras possuem ideais elevados e não se deixam desanimar por qualquer empecilho.


Fernando Christófaro Salgado.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Largue sua lupa

A evolução tecnológica, quando focada para o bem, sempre nos traz benefícios, mas muitas vezes, por falta de conhecimento e treinamento, ou por pura preguiça, deixamos os recursos que estão à nossa disposição subutilizados.
A internet é hoje uma fonte de informações ilimitadas, de forma que é possível afirmar que podemos aprender, através de uma simples pesquisa em um site de busca, sobre qualquer assunto, e a cada dia variar o tópico pesquisado.
Além de encontrarmos produtos e serviços para serem comprados, receitas, apostilas e livros completos, músicas, filmes, programas e arquivos diversos, também podemos interagir com pessoas que estão distantes de nós, através de sites de relacionamento e programas de mensagens instantâneas. Até aí nada de novo, antes do surgimento da internet, de um jeito ou de outro, já tínhamos formas de suprir todas estas necessidades, porém de maneira menos eficiente e, algumas vezes, bem mais caras.
O que a internet oferece de mais extraordinário é a possibilidade de compararmos os sentimentos, pensamentos e opiniões de pessoas que nem conhecemos com os nossos. Da mesma maneira, também é extraordinário perceber que existem pessoas que possuem os mesmos problemas, dúvidas e medos que possuímos.
Quando somos vítimas de um infortúnio ou quando colocados sob grandes desafios amarramos a lupa nos olhos e passamos a enxergar tudo em uma dimensão aumentada e individualista, por outro lado, utilizamos um microscópio na hora de analisar as adversidades que vitimam os outros, ou seja, geralmente temos a tendência de super dimensionar os nossos problemas e achar que eles são os mais complicados, imaginamos que ninguém possa estar passando pela mesma situação ou simplesmente ignoramos a existência de problemas maiores e mais difíceis de serem resolvidos.
Os fatos são claros e acessíveis, basta querer que podemos encontrar análises diversas, de pessoas de todo o mundo, sobre qualquer assunto que seja objeto de aflição. Ver relatos sobre o mesmo problema que estamos passando nos possibilita refletir sobre nossas condições humanas, sobre nossas fraquezas e deficiências e abre a oportunidade, no caso da internet, de compartilharmos opiniões e enxergarmos que existem sim pessoas com problemas tão grandes ou até mesmo maiores que os nossos.
Sendo assim, pode-se que concluir que é a maneira como os problemas são encarados que determina a extensão de sua gravidade e, para dimensionar melhor esta extensão, é prudente observar como outras pessoas atravessaram ou estão atravessando a mesma situação que você. Problemas existem para serem solucionados, não para serem curtidos e postergados pelo resto da vida, sob a desculpa de que não há saídas viáveis para eliminá-los.


Fernando Christófaro Salgado.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Era pra ser assim…

Mesmo sem ter contato, quando a distância se revela uma barreira e as idéias e ideais não convergem mais, ainda sim, às vezes, bate aquela saudade dos tempos em que alguns amigos importantes se faziam mais presentes em minha vida.
Em nossa caminhada em busca de crescimento pessoal temos a oportunidade de aprender de diversas formas, e uma das mais importantes é através de uma amizade consistente, baseada na verdade, na confiança e livre de qualquer egoísmo.
Não podemos querer que todos aqueles que compartilharam segredos e que tiveram para nós um papel relevante em certo período estejam sempre presentes ao nosso lado, acessíveis e dispostos a nos ajudar prontamente. Com o passar do tempo, cada um segue um rumo distinto e elenca novas prioridades que talvez demandem ocupações que podem levar a pessoa a se afastar completamente.
De vez em quando me pergunto se falta iniciativa de minha parte para manter antigos amigos por perto, mas logo percebo que não é este o problema. Todos vivemos em uma correria que parece não ter fim. Uns casaram, outros tiveram filhos, outros mudaram de estado, outros de cidade, outros estão em condições financeiras ruins, são diversas variáveis que influenciam e determinam a cota de atenção que reservamos para cada um deles.
Acredito que todos que cruzam a nossa trajetória seja na escola, no trabalho ou no convívio social e que de uma forma ou de outra afetam nossa maneira de pensar, agir ou sentir, estão atuando singularmente em nosso desenvolvimento. Se a pessoa deixou de figurar em nossos contatos ou dia a dia, é por que era pra ser assim, ela já deu toda a contribuição que podia nos dar e chegou a hora de seguir em frente.
Ainda assim, posso afirmar que os momentos de felicidade e tristeza que pude dividir com cada pessoa que um dia participou ativamente da minha vida e a cumplicidade que construímos não ficarão perdidos na memória. Mesmo de longe ou sem entrar em contato por muito tempo, estas pessoas se tornaram especiais e podem contar comigo pro que der e vier.


Fernando Christófaro Salgado.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Cruzadas

Céu cinza. Cem centuriões corriam com calças, camisas, cintos e correntes de couro. Carregavam cruzes cravejadas de cristais cintilantes e capacetes de cobre. Cansados, caíam cruzando caminhos chuvosos e combatentes cruéis. Cada cristão chorava copiosamente com o coração combalido. Como confiar em conversas contrárias à criação? O crivo do comandante culpado concorreu com a covardia do criado calado. Comercializavam carnes com criadores competentes. Caminhavam com carregamento cheio de comida nas costas. Cuspindo catarro, cavavam as covas dos companheiros. Em casa, chegavam com certo conforto. O cocheiro checava a capacidade completa da cavalaria. Com a cabeça cheia, cantavam cantigas e contemplavam o cosmos.
Céu claro. Cinco centuriões conseguiram. Completaram com créditos e confiança a caminhada pela Cruzada. Capazes, corajosos e corretos conquistaram o caneco. Compraram cerveja e carvão, no churrasco comemoraram. Colheram couve, café, cana e cacau. Criaram chocolates cheirosos e cachaças em cuias. Em condições caprichadas, conseguiram crescer e convencer. Continuam a crer na Companhia dos Cem, custe o que custar.


Fernando Christófaro Salgado.