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domingo, 28 de agosto de 2011

Coisas do coração


Não esperava que fosse lembrar. Sabia que tinha lutado por um longo período para esquecer, realmente, havia muito tempo. Acreditava que, enfim, houvesse conseguido. Mas aquela recordação estava lá, enterrada, profundamente, propositalmente e beneficamente escondida nos confins daquele coração que tanto se magoou, que tanto se decepcionou e foi vítima das justificativas mais incoerentes que se pode receber.
É preciso aceitar que existem coisas que são indeléveis, mesmo contra nossa vontade elas hão de nos acompanhar durante toda a nossa existência. O tempo passa, novas experiências e relacionamentos surgem. O novo sobrepõe o velho, mas é incapaz de apagá-lo ou substituí-lo. Assim deve ser e assim é.
Um coração bate, em média, 70 vezes por minuto, mas existem momentos em que ele parece dar uma parada. Existem momentos em que ele parece estar vazio e sentimos um aperto profundo no peito. Geralmente nossos batimentos cardíacos são para nos manter vivos, entretanto, em várias ocasiões, nosso coração também bate para outras pessoas, que são capazes de alterar (acelerar ou desacelerar) o ritmo desses batimentos, de acordo com suas atitudes e palavras.
Quando abrimos a guarda permitindo que outras pessoas tenham o poder de “interferir” em nosso ritmo cardíaco, passamos a ser guiados por um sentimento que foge ao nosso controle, e ficamos suscetíveis às decisões e escolhas das pessoas a quem confidenciamos nosso coração. É um risco necessário e que gostamos de correr, mas nem sempre existe o cuidado esperado com aquilo que compartilhamos.
As lembranças do que passamos um dia, com alguém, nem sempre representam o que gostaríamos. Por vezes podemos acreditar que o melhor mesmo é esquecer, enterrar o passado, mas não adianta tentar se enganar. Cedo ou tarde nos deparamos com aquela antiga foto, com uma carta que não lembrávamos onde estava guardada ou com amigos em comum.
Uma coisa é certa, as marcas deixadas no coração são mais fortes que as memórias que tentamos deixar para trás.


Fernando Christófaro Salgado.

Um comentário:

  1. Muito bom este texto. É para reflexão. Acredito que o coração e a memória andam de mãos juntas, mas de fases e sensibilidades diferentes. Temos o hábito de confundir o Amor com apego, e é isso que traz muito sofrimento. Como somos ainda emotivos por excelência,confundimos Praça da Sé com a Casa do Mané. Trocamos as mãos pelos pés, gerando uma confusão dentro de nós.
    Tudo que passamos, principalmente no campo do sentimento, deixa uma marca indelével pois são experi~encias marcantes. E é isso que nos torna mais humanos e cabe a nós, lidarmos com isso, com mais ou menos equilíbrio.
    E se olharmos para traz veremos quanto aprendemos e quanto amadurecemos. O nosso passado continua presente, isso não tem jeito. Se voltar à lembrança algum fato ou pessoa, é porque temos no momento algo a acertar com a lembrança.

    Meu amigo, um grande abraço!!!

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