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sexta-feira, 30 de abril de 2010

Conserve sua dignidade

Durante nossa vida vamos perdendo várias coisas com o tempo. Uns mais rápido, outros menos, todos vamos deixando para trás a inocência de ser criança, a fascinação das descobertas adolescentes e a esperança que guia nossa juventude.
Por conta das circunstâncias, de nossas relações com os outros, de nossas experiências, dores e alegrias que se acumulam no dia a dia, nos tornamos pessoas diferentes. O meio em que estamos, sem dúvida, exerce grande influência em nossas decisões e escolhas, mas somos nós os responsáveis pelos nossos atos e pelas conseqüências que advém dos mesmos.
Às vezes mudamos tanto que deixamos de nos reconhecer. Tornamos-nos estranhos para nós mesmos e olhando para o passado pensamos: “Eu não era assim!”, “Eu não agiria desta maneira!”. De tanto atender (ou tentar atender) tudo o que esperam de nós, vamos sendo consumidos lentamente. Quando nos moldamos de acordo com o os outros querem acabamos perdendo nossa identidade.
Sócrates pregava a célebre frase: “Conhece-te a ti mesmo!”, o que equivale a ter uma consciência racional de si mesmo, para organizar racionalmente a própria vida. Temos, para organizar a nossa vida dessa maneira, que conservar sempre nossa dignidade, ou seja, temos que ser dignos de merecer tudo àquilo que esperamos para nós. Deitar a cabeça no travesseiro e dormir tranqüilo, sabendo ter feito o bem onde lhe foi possível fazer.
Todos nós temos problemas, mas geralmente colocamos a culpa em quem está próximo e não tem nada a ver com a história. Temos que ter humildade para compreender que erramos sim, e que podemos aprender com esse erro, sendo melhor no amanhã do que fomos hoje. Devemos lutar com perseverança para resistir à tentação de errar de novo e nunca ter vergonha de assumir um erro.
Precisamos ter coragem para fazer uma viagem ao nosso eu interior, para não cairmos na tentação de acreditarmos ser o que não somos. Isso porque somos grandes juízes de nós mesmos, e encobertamos, às vezes até inconscientemente, as imperfeições que contribuem para a existência de nossas dificuldades.
A chave para vivermos melhor, e resgatar todas as coisas boas que permitimos que o tempo nos levasse é acreditar que somos capazes de ser aquilo que quisermos. Melhores a cada dia, melhores com nós mesmos e com os outros, melhores em tudo.


Fernando Christófaro Salgado.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Salvando o dia

Final do semestre. Provas pipocam como manchas vermelhas de catapora. São marcas indesejadas que se cravam na mente dos alunos, que depositam a sua confiança no preparo das indispensáveis colas, e que, diante de questões adversas, se vêem impotentes até naquelas onde a consulta a todo o material é permitida.
Na hora do estudo cada um tem seu método (ou a falta dele) e, geralmente, alguns se destacam por “carregar nas costas” os demais. E há turmas de todos os tipos: unidas, separadas, de “nerds”, de atletas, de patricinhas e mauricinhos, de panelas isoladas ou de um panelão só.
Existem situações onde até mesmo os mais bem preparados transparecem alguma insegurança e não se mostram dispostos a compartilhar informações. Não há quem nunca tenha tremido diante de algum teste ou de algum professor, às vezes, carrascos sem piedade...
As coordenações de alguns cursos de graduação se posicionam de forma conivente diante das arbitrariedades de seus professores. Detentores do saber, estes deviam se preocupar mais com a transmissão do conhecimento do que com a elevação dos índices de reprovação baseada em exames que cobram muito além do que foi ensinado em sala de aula.
Uma coisa não resta dúvida, se um professor tiver a intenção de fazer com que todos repitam a matéria dele, assim será! Não adianta comer os livros. Não adianta colar, não adianta nada.
Qual a melhor forma de medir o conhecimento? Questões de múltipla escolha ou questões abertas? Hoje vi a notícia de que um agricultor analfabeto do nordeste (só sabe escrever o nome dele). Ele foi aprovado num concurso público para vigilante, acertando 21 das 30 questões. Todas no chute.
Agricultor de sorte. Salvou o dia dos que não estudam, mostrando que é possível ser aprovado mesmo sem saber absolutamente nada sobre o assunto que foi questionado.
Não é preciso mais para mostrar a discrepância entre o que é e o que deveria ser nosso ensino. Acredito que a melhor forma de ensinar assim como a melhor forma para aprender seja através da prática. Inundar os alunos de coisas para decorarem me parece um tanto sem sentido. Quando puderem pensar por si próprios, verão também que não será mais necessário colar e que não mais da sorte irão depender para se darem bem e sim de sua própria capacidade de interpretar fatos e situações, gerando e propondo soluções inovadoras e únicas, não mais baseadas em receitas de bolo.


Fernando Christófaro Salgado.

sábado, 24 de abril de 2010

Descobertas

Nunca é fácil definir
O que estará por vir
Não conhecendo a ti
Sei que há de convir

Esperar pode ser demais
Reacenda o belo sorriso
Mas apague a palavra jamais
Não se esqueça deste aviso

Lembre de toda essa gente
Buscando felicidade iminente
Esqueça dores do passado
Vislumbre um futuro decente

A ventura é uma bela arte
Que descobrimos dentro de nós
Pessoas disso, não fazem parte
Travamos sós essa luta atroz!

Porém temos a ajuda do tempo
Que nos traz coisas boas e más
Diante de coisas ruins,
Aprendamos a deixar pra trás

E a cada dia que passa
Iremos sorrir e achar graça
Sabendo estar aprendendo
A afastar toda desgraça

De tudo o que nos ameaça
Não podemos apenas correr
Enfrentando tudo de frente
Será mais tranqüilo viver


Fernando Christófaro Salgado.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Extirpando o medo

Durante nossa vida é necessário experimentemos toda a sorte de sentimentos, do mais cruel e difícil de ser suportado ao mais suave e revigorante possível. Como uma montanha sem fim, somos feitos de altos e baixos e, em uma análise profunda, são estes contornos que acabam nos tornando mais belos, como as paisagens esculpidas por Deus.
Porém, o processo é lento, assim como na natureza, não nos elevamos de simples poeira à montanha rochosa da noite para o dia. São necessários anos, séculos, talvez milênios para que ocorram mudanças nas formações geográficas de nosso planeta e durante este tempo ocorrem tempestades, furacões, erupções vulcânicas, terremotos, todos à primeira vista causadores de dor e desastres, mas sem eles a conformação atual do planeta seria outra completamente diferente e talvez nem estivéssemos aqui. Sem a revolução constante causada pelas forças da natureza tudo seria diferente.
Assim como a Terra, vamos crescendo e nos desenvolvendo lentamente, e também precisamos ter nossas revoluções internas para progredirmos e nos adaptarmos ou superarmos todas as adversidades que surgem.
Algumas vezes descobrimos coisas que pensávamos que não éramos capazes de fazer. Mas esta descoberta não surge de forma diferente de nenhuma outra, retirando-se os casos em que a sorte conspira a favor, não há outro meio de descobrir algo que não seja através da experimentação, ou da tentativa e erro.
Já ouvi dizer que um dos grandes medos do homem é o medo da mudança, mas creio que antes deste venha o medo de errar. Não é a mudança em si que gera medo, este medo tem origem no medo de errar, que por sua vez surge das situações de insegurança (não conseguir atender ao que os outros esperam) de auto-cobrança (não admitir que possa errar) e de fraqueza de espírito (medo de sofrer).
O medo é como uma árvore cheia de galhos que se multiplicam e te abraçam impedindo o movimento. Diante do medo, se permanece no erro, pois a tentativa de mudança fica aprisionada e esquecida na mente. Para progredir é preciso mudar e para mudar é preciso eliminar o medo de experimentar.
Apesar de ser considerado um mecanismo de auto-defesa em algumas situações onde o estado de alerta e cuidado são realmente necessários, o medo geralmente atrapalha, e muito, nossas relações com os outros e nosso próprio auto-conhecimento.
Já algum tempo resolvi extirpar o medo de minha vida e o foco inicial foi justamente o medo de errar. Não existe nada que seja irreversível e aprendi a aprender com meus erros, de forma que tento sempre enxergar o lado bom das coisas. Foi fácil? Definitivamente não, mas hoje me sinto bem melhor e agradeço a Deus por ter este entendimento.
Uma pessoa sem medo não se torna uma pessoa inconseqüente, ela apenas está aberta para novas experiências e descobertas. São estas últimas que promovem as mudanças por que precisamos passar para acumular todo o aprendizado que nos tornará, gradativamente, pessoas melhores, mais fortes e mais completas, como cordilheiras que parecem ser feitas para tocar o céu.


Fernando Christófaro Salgado.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Um bom preço

O cantor Humberto Gessinger, da banda Engenheiros do Havaí, entoa em sua música chamada “O Preço”: “O preço que se paga às vezes é alto demais...”.
Estive me questionando sobre o que seria um bom preço a se pagar pelos nossos desejos, sonhos e escolhas e me veio à cabeça a máxima “Custe o custar!”.
Dizem que tudo tem um preço, porém, a precificação varia bastante para um mesmo produto ou serviço. O único propósito das medidas é o de termos base para comparações, sendo o preço uma unidade de medida de valor monetário, porém, quando precificamos um produto ou serviço, estamos dando a eles um valor arbitrário, pois mesmo após cobertos todos os custos de produção, ainda podem ser embutidos valores intangíveis como a representatividade da marca ou o glamour evocado.
Apenas para elucidar, uma fábrica de malhas produz camisas pólo e distribui para diferentes compradores. A empresa “A”, detentora de uma marca famosa, adiciona sua logomarca na camisa, enquanto a empresa “B”, desconhecida do grande público, vende a camisa da mesma forma que comprou. Se paga, em alguns casos, várias vezes a mais pela camisa vendida pela empresa “A”, sendo que a camisa vendida pela empresa “B” era, até então, idêntica a ela.
Para uma parcela da população o preço da camisa da empresa “A” pode parecer absurdo, mas para a outra mais abastada é considerado normal dispendiar o valor determinado pelos comerciantes para obtenção de seu objeto de desejo.
Eis o ponto em que queria chegar. Sob esta ótica, o preço nunca é alto demais, ele é relativo e depende da análise crítica e do poder aquisitivo de quem pretende adquirir um bem ou serviço. Mas não é sobre este preço que trata a música citada, apesar de podermos fazer uma comparação com ele, onde as medidas ficariam de fora.
Cada pessoa enxerga, sob seu ponto de vista, o peso de sua carga, ou seja, o preço que terá que pagar para obter aquilo que almeja. Enquanto uns acham que pagam um preço alto demais por ter tomado determinada decisão, pode ocorrer que para outras pessoas a mesma decisão seja vista como simples e corriqueira. É algo que não podemos medir; como os valores intangíveis adquiridos por produtos ou serviços.
Então o que seria um bom preço? Um bom preço é aquele que segue nossas convicções, que está dentro das nossas possibilidades de cumprimento da dívida ou do que tiver sido acordado, que não nos trará transtornos no futuro. Um bom preço é aquele que deixa nossa consciência tranqüila, caso contrário ele poderá ser tornar alto demais.


Fernando Christófaro Salgado.

domingo, 4 de abril de 2010

Um estacionamento diferente

Não tenho dados concretos para afirmar com asseveridade, mas creio que um dos negócios mais rentáveis de se ter é um estacionamento, principalmente se ele se localizar no centro de uma grande cidade.
A logística é simples, as despesas são poucas (basicamente água, luz, limpeza e poucos funcionários) e o preço da hora chega o mais próximo possível do impagável, situação em que muitos abdicariam do conforto de sair com seus veículos por não ter onde deixá-los em segurança e nem mesmo onde deixá-los na rua.
De certa forma, os estacionamentos são fundamentais para uma cidade. Eles abrigam bens valiosos e permitem que o transporte público se desafogue de um contingente de pessoas que, caso não tivessem carros, não teriam outra forma de locomoção que não fosse esta.
Poucas pessoas têm o privilégio, ou a sorte de ter um estacionamento de veículos, geralmente são políticos, mas isto não vem ao caso. O ponto em que quero chegar é, na verdade, um contraponto.
Enquanto o tipo de estacionamento citado anteriormente se concentra nas mãos de poucos, existe outro tipo que se comporta mais ou menos da mesma maneira, mas é administrado por cada um de nós.
É um estacionamento de guardar pessoas. Dentro dele, freqüentemente, entram e saem pessoas e o acesso a ele é definido por nós. Ao contrário do outro, que tem seu espaço físico limitado, este pode expandir suas fronteiras até o infinito. Nele não cobramos pela entrada ou pelo tempo de estadia. Geralmente, entram nele pessoas selecionadas, que fazem por merecer, que convivem e demonstram apreço por nós. Suas portas se fecham quando a mágoa e o rancor se unem, formando uma barreira intransponível que impede o acesso de pessoas indesejadas ou desconhecidas.
Ele também é lugar para guardar coisas valiosas, porém algumas vezes nos descuidamos dele e não damos a devida atenção aos nossos “clientes”, àqueles que conquistaram uma vaga de mensalista. Todo cliente gosta de ser bem tratado e quando não é, procura por outro serviço que o atenda melhor.
Administrar nosso estacionamento é um grande desafio! O que se espera de nós é que ele tenha as portas sempre abertas, para quem quer que seja, mas o egoísmo e nossa pequenez impedem que operemos uma reforma para ampliarmos as vagas e abrigar mais e mais pessoas.
O mais interessante deste estacionamento seria que as suas vagas fossem cativas, assim, mesmo que ele crescesse muito, por circunstâncias da vida em que uma pessoa abdicasse de sua vaga, haveria sempre as portas abertas e um local reservado quando fosse a hora dela retornar.
Vamos repensar a forma como administramos nosso estacionamento. Ele pode não nos trazer ganhos financeiros, mas é fundamental para uma manutenção saudável de nossas relações.

UMA FELIZ PÁSCOA A TODOS!


Fernando Christófaro Salgado.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Estrondos

Como definir o desconhecido?
Saber o que sinto,
Se pra mim mesmo eu minto?
Certezas são passageiras...

Escolher o que pensar
Às vezes não é opção
O destino aponta pra um lado
Sigo pela contramão

Grito entalado no peito
Ameaça de estrondo emergente
O tempo ameniza a vontade
E desnuda a fragilidade da gente

Reprimir, abafar sentimentos
Penosos exercícios da vida
Para suportarmos com zelo
Cada profunda ferida

Importante é seguir em frente
Esquecer a batida inquietante
Senão por loucura ou ilusão
Não poderemos ir adiante


Fernando Christófaro Salgado.