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quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Alguma coisa mudou

Escrevi, no dia 3 de novembro de 2009, o texto “A essência de cada um”. Na ocasião relatei um caso sobre o descrédito que um tomador de conta passou a ter comigo após suas desastradas atitudes.
Depois do que ocorreu o rapaz ficou alguns dias sem me pedir trocados, fiquei visivelmente nervoso com o fato no momento, mas não sou homem de guardar mágoas e, no dia seguinte, com a cabeça fria, refleti e constatei que os erros dele não foram propositais.
Quero retomar agora uma pauta que havia deixado para ser abordada em outra oportunidade no texto supracitado, a maneira como uma pessoa pode ganhar a vida.
As pessoas são artífices de suas próprias histórias e escolhem por livre e espontânea vontade, desde a abolição da escravatura, o que irão fazer para serem remuneradas. O que ocorre é que em grande parte das vezes estas escolhas não são acertadas e, para completar, nós, seres humanos, no geral, temos uma tendência de estacionarmos em uma zona de conforto. Digamos que muitas pessoas se acostumam a ter a vida que têm, por mais enfadonha e miserável que seja. Temos uma tremenda dificuldade de mudança.
Voltando à história do tomador de conta, como disse, ele ficou alguns dias sem me pedir trocados, talvez por estar envergonhado. Nesses dias não saiu da minha cabeça a vontade de ter uma conversa com ele, mas aguardei até que ele tivesse a coragem de me abordar novamente e o momento em que eu também estivesse preparado para dizer o que queria para ele.
Certo dia estacionei o carro e ele finalmente se aproximou pedindo um “cafezinho”. Já tinha elaborado o que iria falar e segui em frente. Comecei dizendo: “Não existe a mínima possibilidade deu te dar nem um centavo!” Perguntei o nome e a idade dele. Ele disse que tinha 21 anos. Então perguntei: “Qual é a diferença entre eu e você?”. Ele, meio que sem compreender, balançou a cabeça expressando que não sabia a resposta. Logo completei: “Nós somos completamente iguais, graças a Deus somos saudáveis, não possuímos deficiências e temos a mesma capacidade para trabalhar, decerto que tenho mais estudo que ti, mas existem diversas vagas de emprego em que é necessária apenas força física e força de vontade.” Para finalizar disse a ele que com fé em Deus e com força de vontade, persistência e paciência tudo podemos alcançar.
Ele me escutou com toda atenção e disse já ter trabalhado anteriormente como mecânico. Agora passava as horas recolhendo centavos, cedidos pela boa vontade dos que estão na correria do dia a dia. Propus-me a ajudá-lo a arrumar um emprego, visto que tenho uma grande rede de relacionamento, mas não foi necessário.
Acredito que após nossa conversa alguma coisa mudou na cabeça dele e parei de vê-lo nas ruas. Essa semana, conversando com meu gerente, ele me disse que o viu nas redondezas do nosso escritório com uma camisa da prefeitura. Fiquei extremamente satisfeito com a notícia.
Moral da história: devemos fazer o que estiver ao nosso alcance para tirar as pessoas de suas zonas de conforto, às vezes simples palavras podem impactar forte e positivamente para que reflexões sejam iniciadas e mudanças e melhorias sejam postas em prática em suas vidas.

Aproveitando o ensejo, quero indicar a todos o extraordinário filme "A corrente do bem", que também foi fonte de inspiração para que eu escrevesse este texto.
Segue abaixo o link de um pequeno trecho do filme com um belo relato do personagem principal sobre o projeto que ele elaborou:
http://www.youtube.com/watch?v=xifx3L3k1qs&feature=player_embedded


Fernando Christófaro Salgado.

8 comentários:

  1. Fernando.

    Somos, com frequencia, inflexíveis. A mudança é muita vez, dolorosa.
    E esse rapaz conseguiu isso. Mas vc soube como conversar com ele. Pois para surtir efeito, não basta falar intelectualmente, mas com amor.
    Fernando, um belo aprendizado a todos nós.

    Obrigado pelo post, meu amigo!

    Abraços,
    Jorge

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  2. Oi Fernando!
    Belíssimo Post, e a sua atitude foi fantástica.
    A corrente do bem é um daqueles filmes que devemos assistir várias vezes...Bom fds.

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  3. É verdade, você o tratou com um igual, tanto em potencialidades com na humanidade comum.
    Muito bom, vá em frente.
    Um grande a afetuoso abraço

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  4. Oi Fernando. Cheguei aqui através do blog da Silvana e logo de "cara" me deparei com você citando o filme "Corrente do bem" que sempre utilizo como instrumento de trabalho com meus estagiários e residentes lá no hospital. Motivo: ir para além da saúde física!
    Um grande abraço
    Regina
    www.toforatodentro.blogspot.com

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  5. "zona de conforto".Perfeito.Temos medo das diferenças e das mudanças.
    Imagine se cada um de nós fizesse esta abordagem reflexiva que fizeste com o rapaz.Talvez ninguém nunca lhe tenha dito que ele tem potencial e seu valor.

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  6. Olá Fernando!

    Penso que além das tuas palavras, o rapaz quis a mudança.
    Depois da tua sacodidela moral, ele escolheu por sair da tal cômoda zona de conforto e foi buscar seu lugar ao sol, com dignidade e ciente do seu valor.

    Um afetuoso abraço e continue nos brindando com reflexões assim.

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  7. Sempre assistimos este filme. Faz parte da vida.
    Muito obrigada pela presença e comentário em nosso espaço.
    Você também está de parabéns!
    Tudo aqui tem beleza e perfume.
    Com seus mistérios a desvendar.
    Sublimes abraços

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