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quinta-feira, 29 de abril de 2010

Salvando o dia

Final do semestre. Provas pipocam como manchas vermelhas de catapora. São marcas indesejadas que se cravam na mente dos alunos, que depositam a sua confiança no preparo das indispensáveis colas, e que, diante de questões adversas, se vêem impotentes até naquelas onde a consulta a todo o material é permitida.
Na hora do estudo cada um tem seu método (ou a falta dele) e, geralmente, alguns se destacam por “carregar nas costas” os demais. E há turmas de todos os tipos: unidas, separadas, de “nerds”, de atletas, de patricinhas e mauricinhos, de panelas isoladas ou de um panelão só.
Existem situações onde até mesmo os mais bem preparados transparecem alguma insegurança e não se mostram dispostos a compartilhar informações. Não há quem nunca tenha tremido diante de algum teste ou de algum professor, às vezes, carrascos sem piedade...
As coordenações de alguns cursos de graduação se posicionam de forma conivente diante das arbitrariedades de seus professores. Detentores do saber, estes deviam se preocupar mais com a transmissão do conhecimento do que com a elevação dos índices de reprovação baseada em exames que cobram muito além do que foi ensinado em sala de aula.
Uma coisa não resta dúvida, se um professor tiver a intenção de fazer com que todos repitam a matéria dele, assim será! Não adianta comer os livros. Não adianta colar, não adianta nada.
Qual a melhor forma de medir o conhecimento? Questões de múltipla escolha ou questões abertas? Hoje vi a notícia de que um agricultor analfabeto do nordeste (só sabe escrever o nome dele). Ele foi aprovado num concurso público para vigilante, acertando 21 das 30 questões. Todas no chute.
Agricultor de sorte. Salvou o dia dos que não estudam, mostrando que é possível ser aprovado mesmo sem saber absolutamente nada sobre o assunto que foi questionado.
Não é preciso mais para mostrar a discrepância entre o que é e o que deveria ser nosso ensino. Acredito que a melhor forma de ensinar assim como a melhor forma para aprender seja através da prática. Inundar os alunos de coisas para decorarem me parece um tanto sem sentido. Quando puderem pensar por si próprios, verão também que não será mais necessário colar e que não mais da sorte irão depender para se darem bem e sim de sua própria capacidade de interpretar fatos e situações, gerando e propondo soluções inovadoras e únicas, não mais baseadas em receitas de bolo.


Fernando Christófaro Salgado.

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